Tumgik
kathcrinc · 3 years
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maddeacon​:
Madzimoyo percebeu qual era o assunto ali que deveria ser evitado: a missão. Em uma situação dessas, de comportamentos repetitivos e compulsivos, da insistência em saber do passado e não se preocupar com o futuro… O seu trabalho ali era o de trazer à realidade. Colocar o agente no lugar e espaço com a noção mínima do funcionamento das instalações. Da equipe. “Estou dando o máximo que consigo pensando na sua situação.” Uma mentira agora o safaria de muitos problemas para frente. Dizer que não sabia parecia tão fácil quando o seu respirar, deixar um pouco para outra pessoa a responsabilidade de revelar as informações do caso o qual ela tinha saído. O diretor-chefe tirou o papel oficial do bolso, segurando um segundo em suas mãos para acariciar a data com o polegar. “Um ponto que a senhorita precisa entender é que, apesar de parecer estranho e utópico, você ainda está em missão. Eu sou o seu diretor-chefe e o quanto eu digo é em prol do seu bem-estar.” Encerrou o suspense, aquele peso estranho no ar por se impor daquela maneira, com o esticar do braço e o entregar do papel. “Amanhã, neste horário, você se encontrará com uma psicóloga. Depois, com a sua avaliação em mãos, podemos conversar sobre os detalhes da missão. Nada antes, nada depois, entendido?”
𝒻𝓁𝒶𝓈𝒽𝒷𝒶𝒸𝓀
A morena pressionou os lábios, por fim concluindo que seus esforços não seriam suficientes para que obtivesse respostas do diretor. Restava-lhe, então, encontrar uma outra solução. E a menção à psicóloga parecia sua melhor opção naquele momento. Assim, no que poderia ser um momento único, Katherine viu-se ansiosa por aquele encontro. Não por pretender externar seus receios para a profissional -- verdade fosse dita, guardava estes tão intimamente que sequer saberia por onde começar, caso algum dia decidisse compartilha-los -- mas pela perspectiva de descobrir algo a mais. Afinal, ela também deveria conhecer alguns detalhes a respeito da missão. E Landon. Kat apenas assentiu. O que poderia dizer? Não era exatamente a melhor pessoa no que dizia respeito seguir às regras ao pé da letra -- não quando iam de encontro ao que ela desejava. 
encerrado
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kathcrinc · 3 years
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A frustração decorrente de uma dinâmica de grupo que lhe era pouco conhecida -- e decerto não muito apreciada -- fora o suficiente para agitar os ânimos da morena. Katherine não estava acostumada a um ambiente de tensão como o encontrado na sala de reuniões, tampouco a ter suas habilidades questionadas ante uma constatação firme, pois estas vinham acompanhadas de uma análise profunda -- ou tanto quanto seria possível no contexto em que se encontravam. Assim, ainda que rumasse à entrada do local, tal qual havia sugerido, a agente não sentia-se realmente satisfeita. Irritação essa que buscou canalizar para a execução daquilo que fora acordado. Em sua mente, memórias de sua infância transcorriam com um nível de detalhe pouco usual para acontecimentos de décadas atrás. E era a esses que ela se apegava. Às expressões, os movimentos, os nomes -- todos eles repassados para a encenação que viria a seguir. Se é que poderia ser considerada tal. As madeixas, usualmente amarradas em um rabo de cavalo, foram percorridas pelos dígitos femininos, bagunçando-as suficientemente para que remetesse à imagem de sua mãe quando mais jovem. Em um contexto deveras distinto. Kat inspirou profundamente, os punhos cerrados ao enfim levantar-se de seu assento. E não é preciso dizer que não houve cerimônia ao desferir um golpe sobre a boca do homem, não fazendo questão de medir a força no processo. Ele merecia, não havia dúvidas. E a região sensível era o local ideal para trazer um pouco de sangue sem que grandes danos fossem feitos. “Definitivamente não.” Respondeu ao passar a mão pelos nós dos dedos, estes avermelhados pelo impacto. “Vamos acabar logo com isso.” Foi tudo o que disse antes de puxar o homem para fora do automóvel, um aperto firme ao redor de suas vestes a medida que se dirigia à entrada. Nesse instante o celular foi retirado do bolso e uma discussão acalorada teve início. O sotaque sulista acompanhado de expressões do dialeto da região eram complementados com o característico gesticular, esses pincelados com a fúria que era vista nas íris esverdeadas. “Ma che cazzo, Matteo!” A mulher praticamente urrou, empurrando Toporov para frente com certa impaciência. “Non ti avevo detto che non c’era motivo per preoccuparvi?” Ela revirou os olhos, a essa altura a atenção dos homens já repousando sobre si. “Cazzo! Già sono qui!” Bradou com exasperação. Mais um segundo e parecia suficiente. “Va fan culo!” O celular foi retirado do rosto, apenas para aproximar o aparelho dos lábios ao gritar o xingamento. A morena bufou, o iPhone sendo enfim colocado novamente no bolso da calça quando virou-se para os homens. “Foxworth. Vamos levá-lo. E estamos com pressa.” As palavras eram de difícil compreensão, dado o sotaque italiano carregado. 
topcrov​:
Qualquer um que olhasse para a expressão de Viktor naquele momento diria que o homem era o pior tipo de apático já encontrado; quieto, sereno, com a cabeça encostada na lataria do automóvel e de olhos fechados, o Toporov limitou-se a falar ou fazer piadinha durante o trajeto; olhar para ele naquele momento era como se estivessem observando uma criança dormir. Uma criança grande, cheia de cicatrizes e barbuda - mas a serenidade era igual. Para si, ele repassava o plano na mente, calculando se aquela teria ou não sido a melhor ideia, se Foxworth ainda estava ou não vivo, e, como se suas preocupações não bastassem: se as duas mulheres não estragariam as coisas. Não duvidava da capacidade de ambas, mas ele nunca foi de subestimar um inimigo; Katherine parecia exalar um perfume de tira, tinha cara de policial. Enquanto Josephine, por mais que conhecesse seus dons de disfarces, certamente já estava marcada por alguns dos piores bandidos. Sabia que eram boas, conhecia não só suas fichas como pôde vê-las em ação, mas ali… Todo cuidado era pouco. Mas o próprio não tivera a porra do cuidado necessário, no fim das contas. 
Sentiu o carro diminuir a velocidade e só ai abriu os olhos, olhou pra @jcsephines e @kathcrinc​, e um fino fio se formou em seus lábios mostrando um pequeno sorriso. “— Eu sei que vocês sonharam com isso por muito tempo. Let’s start the party, my beautiful girls.” O carro era um tipo de furgão, idêntico ao que os sequestradores usavam, o que facilitou que Viktor ficasse de pé, encarando elas e esperando que os próximos passos do plano.  “— Não se acanhem, mas evitem o rosto; sabe como é, tem que ficar bonito para o velório.” 
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Era bom estar de volta em campo. E libertador, de certa forma. Josephine havia passado o último ano trabalhando com burocracia e, durante todo esse período, imaginou se algum dia poderia voltar a sentir o frio no estômago anterior ao início de cada missão. Exatamente como sentia naquele momento. Não tinha a menor ideia se conseguiriam ter êxito naquele resgate. Não que duvidasse de sua capacidade - ou da de qualquer membro da força-tarefa - mas algo ali lhe era estranho. Até aquele momento, Joey não tinha conseguido encontrar um motivo plausível para Viktor ter se rendido daquela forma e tal coisa a irritava. Permaneceu em silêncio durante todo o caminho, passando e repassando tudo o que precisava lembrar e todas as possibilidades de algo dar errado - e como corrigir cada uma delas. E, quando a van finalmente parou, Josephine observou Toporov fazer mais um de seus comentários extremamente irritantes e cruzou os braços sobre o peito, levantando-se de seu assento. “Tem certeza?” perguntou de forma retórica (e até um tanto irônica), pois antes que pudesse ouvir alguma resposta do russo, Joey deu um passo para frente, cerrando os punhos para, em um movimento rápido, avançar contra ele, desferindo um soco em seu estômago. Com toda a força e a raiva que conseguiu canalizar no movimento. “Pra mim, já é divertido o suficiente ver você trabalhando pro FBI, então peguei leve. Mas, não sei se ela…” apontou para @kathcrinc​ “…vai ser tão legal quanto eu." 
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kathcrinc · 3 years
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A falta de informações - tanto da missão quanto dos vários meses passados desde então - não mostrou-se o único problema de Katherine. O corpo, ainda debilitado pelo longo tempo aprisionado a cama, parecia não responder propriamente aos comandos da agente. Sentia-se fraca, cansada e as dores eram frequentes. Ao que parecia, esse era o resultado de um coma prolongado. Nesse contexto, não era de se estranhar que estivesse longe de seu melhor humor, por essa razão optando por evitar a companhia dos demais. Tinha ciência de que provavelmente encontraria algum conforto em pessoas que se encontravam em um mesmo contexto, no entanto, o latejar da cabeça não parecia disposto a dar-lhe uma trégua para conversas. Assim, era usual que Kat optasse por se dirigir ao refeitório em horários pouco convencionais. Não esperava, no entanto, que outra pessoa tivesse a mesma ideia. A morena levou outra garfada da salada aos lábios, esboçando o sorriso mais educado que foi capaz em seguida. “É, imagino que sim.” Respondeu, sem a intenção de delongar-se no assunto. E teria permanecido em silêncio, caso o bom senso não a tivesse a obrigado a prosseguir. “Eu sou Katherine, é um prazer.” Ela estendeu a mão para um cumprimento.
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Josephine não estava nada feliz. Ainda não tinha certeza sobre o que faria em relação a sua posição naquela equipe e tal dúvida ocupava seus pensamentos há algumas horas. Não queria permanecer ali, porém a verdade era que não tinha outro lugar para ir. E, se ficasse, poderia recomeçar. Era uma oferta tentadora, Joey tinha plena consciência disso. Retornou às instalações do Afterlife após passar alguns minutos (ou teriam sido horas? não sabia dizer) do lado de fora, andando na direção de onde lhe disseram que se seria seu quarto, quando percebeu que sentia fome. Então, contra sua vontade, voltou-se para o lado contrário, indo na direção de onde, mais cedo, havia visto uma cozinha. Mentalmente, desejou não encontrar com ninguém, não estava com paciência para conversar. É claro que o destino não lhe deixaria em paz, então logo que entrou no cômodo percebeu que outra pessoa já estava lá. “Eu volto depois.” suspirou, dando meia volta. Então, ouviu um ronco vindo de sua barriga. “Merda.” murmurou para si e se virou novamente, adentrando a cozinha. Pensou em não falar nada e fingir que estava sozinha. Porém, sabia que, dependendo de que decisão tomasse, precisaria trabalhar em equipe e isso significava que deveria ser, no mínimo, simpática. “Nós devemos fazer parte da mesma… equipe.” disse de repente, de costas para a pessoa que se dirigia, enquanto procurava por algo para comer. 
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kathcrinc · 3 years
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maddeacon​:
A mão erguida no ar pedia calma, os olhos do diretor indo das faces alheias aos sinais da máquina cardíaca. O quadro daquela agente em especial era diferente de todos os demais e Madzimoyo, experiente como era, não trataria questões de saúde igualitariamente. “Primeiro, alteração de ânimos não é benefício algum.” Era uma tentativa que nasceu falha em sua ingenuidade. O famoso vai que funciona tomando a frente de seu comportamento natural e familiarmente traçado. O diretor era alguém de poucas e curtas palavras, mudado para aquele momento visto que dúvidas estavam mais presentes do que respostas secas. “Você ficou em coma por um tempo, Agente Hawthorne, na casa dos meses. Encontramos seu corpo flutuando na água.” A dança que acontecia da cintura para baixo era discreta e letal, de solado sussurrando no deslizar do chão ao preparar do joelho para a fuga. Violência não combinava consigo, não da maneira certa, mas usaria para contê-la, Nem que isso lhe prejudicasse um pouco da complexa saúde. “Essa é sua realidade agora. Integrante de uma equipe ultra secreta para assuntos ainda mais sigilosos, sob a bandeira dos Estados Unidos e sem pistas rastreáveis.” Mad suspendeu o compartilhamento de informações ali, abruptamente, guardando para si o paradeiro e desfecho da última missão da agente.
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O revirar de olhos, certamente inapropriado ao considerar a diferença hierárquica entre eles, não pôde ser contido. A agente possuía experiência o suficiente em hospitais para saber que sua agitação era pouco aconselhada, no entanto, como esperar um posicionamento diverso em tal contexto? Precisava de respostas, não do frustrante pedido para que se mantivesse a calma. “Mais informações certamente minimizaram minha alteração de ânimos.” Rebateu, um pouco mais incisiva do que pretendia. O suspiro acompanhado do desviar de olhar foi o mais perto que chegou de se desculpar, não disposta a dar o braço a torcer naquele instante. “O quê? Você disse meses? Quando estamos? O que aconteceu com Landon?” Voltou a repetir, os punhos cerrados ao esperar pelo pior. Qual era a probabilidade de que seu destino fosse melhor do que o dela? Se ela própria deveria ser considerada sortuda por ter sido encontrada na água... A morena passou as mãos pelo rosto, sua frustração impressa no gesto. “Certo, mas não foi isso o que eu perguntei. Eu quero saber o que aconteceu. Com a missão.” Seu tom tornou-se um pouco mais brando, a preocupação evidente no cenho franzido.
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kathcrinc · 3 years
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Deveria ser algum tipo de clichê o fato de Katherine não sentir-se confortável para abrir-se com um psicólogo. Como a maioria de seus colegas de trabalho, a ideia de ocupar a mente com a solução de casos hediondos parecia mais proveitosa do que a de trancar-se em uma sala para a avaliação. Assim, seria de se esperar que postergasse o encontro tanto quanto possível. Isso, é claro, se o desejo de obter mais informações a respeito de sua última missão não a tivessem guiado até a profissional no primeiro horário vago. Poucos foram os detalhes compartilhados por Madzimoyo, rendendo-lhe mais questionamentos do que respostas. Restava-lhe, então, uma última esperança: Daisy. As madeixas escuras foram instintivamente percorridas pela destra, o gesto acompanhado do mordiscar do lábio inferior sendo sinais discretos de sua agitação. As íris esverdeadas varreram o ambiente lentamente, movimento esse tão vagaroso quanto suas passadas ao adentrar a sala alheia. A Hawthrone assentiu ao acomodar-se sobre a poltrona, a postura ereta denunciando a tensão de seus músculos. “Katherine. Mas imagino que você já saiba disso.” Ela indicou a própria ficha com o olhar, perguntando-se quanto de seu passado haveria naquelas folhas. O esticar em direção a estas deu-se de maneira impensada, quase imperceptível, ao então concluir que daquela posição não vislumbraria nada de útil. “Hum. Bom.” Disse simplesmente, descruzando as pernas ao recostar-se contra o assento. O desinteresse feminino no Afterlife não poderia ser mais evidente. Não que o fizesse por mal - claro, possuía diversas perguntas quanto a como seriam suas próximas missões - porém, havia diversas questões pendentes para que se preocupasse com o que viria a seguir. “Mas eu quero saber a respeito da minha última tarefa. O agente Landon Atwood. Ele também sobreviveu? Gregory foi capturado novamente?”
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Sentada sob sua mesa, Daisy analisava o perfil que segurava em suas mãos, incessantemente avaliando cada detalhe que constava ali. Seu preparo era imprescindível, evitando assim cometer qualquer erro ou permitir que algo escapasse do seu controle. Por algum motivo, sentia-se serena dentro daquela sala, certa de que estava fazendo o seu melhor. Subitamente, escutou a porta do local se abrir, e seu olhar voltou-se para a figura que adentrava, um sorriso brilhante imediatamente surgindo em seus lábios. “Olá, muse! Fico muito feliz que tenha vindo me encontrar.” Seu tom de voz era doce e amigável, mas ao mesmo tempo firme. Tinha apenas uma oportunidade de causar uma boa primeira impressão, por isso era necessário demonstrar segurança. “Por favor, sente-se e fique à vontade.” Continuou, apontado para a cadeira diante de si, em seguida caminhando na direção de sua própria e acomodando-se. Voltou a olhar a figura, já analisando superficialmente suas feições. “Me chamo Daisy, e trabalho aqui como sua psicóloga. Isso significa que estou aqui para escutar qualquer coisa que queira compartilhar comigo.” Transparecia uma empatia natural, dizendo palavras reconfortantes na tentativa de despertar a confiança de seu paciente. De fato, seu objetivo não era apenas analisar os agentes, se certificando de que estavam aptos a participarem daquela missão, mas também ajudá-los. Preocupava-se com a saúde mental de cada um ali, e faria de tudo para que todos se sentissem compreendido e acalantados. “No momento, quero saber como você se sente. Como foi seu despertar em Afterlife?” Questionou, aparentando um pouco mais séria, contudo igualmente sutil. Durante aquele contato inicial, todo e qualquer tipo de reação de muse era esperada. Tinha consciência de que sua mente encontrava-se nebulosa, atormentada por diversos questionamentos após os acontecimentos e revelações recentes. Por isso, era necessário manter-se atenta a qualquer sinal de revolta que pudesse apresentar qualquer tipo de perigo a qualquer um dos presentes.
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kathcrinc · 3 years
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𝕋𝕒𝕤𝕜 𝟘𝟘𝟙 — Afterlife
Data: 30 de Setembro de 2020
Local: Califórnia
Agentes: Katherine Hawthorne e Landon Atwood
Trigger Warning: Tortura, sequestro.
Deveria ser uma missão simples. Duas semanas, não mais do que isso, seu superior assegurara. Estaria de volta para sua festa de noivado, momento esse que marcaria uma transição em sua vida. Sem mais trabalhos infiltrados que poderiam durar meses ou riscos desnecessários. Uma vida razoavelmente simples - ou tanto quanto se poderia esperar de uma agente do FBI ativa. Era o acordo deles. Colin jamais imaginaria, porém, que a perderia antes de seus sonhos se concretizarem.
— Litoral californiano, 14:23
“Preacher? Eu não estou conseguindo te ouvir.” Disse entredentes, encolhendo-se ao utilizar o cachecol para acobertar o discreto movimentar de lábios. Para alguém acostumada com o inverno nova-iorquino, os meros dez graus não deveriam ser um problema, mas a peça certamente vinha a calhar em momentos como aquele. Nenhuma resposta do outro lado. Katherine praguejou em sua língua materna, passando uma mecha atrás da orelha ao se livrar do comunicador que agora produzia um desagradável ruído em seu tímpano. E a julgar pela expressão de Landon, o seu não era o único. A troca de olhares durou apenas uma fração de segundo, o suficiente para que chegassem à conclusão de que estavam sozinhos a partir daquele ponto. Eles apenas ainda não compreendiam a magnitude daquela afirmação. 
“Não tão rápido.” O tom ríspido atrás de si veio acompanhado de um puxão pouco amigável, cuja pressão em torno de seu braço decerto deixaria marcas ao tentar se soltar. O trincar dos dentes denunciava o esforço realizado ao conter o impulso de acertá-lo nas costelas, com uma força suficiente para que ele se dobrasse sobre o próprio corpo ao libertá-la. Como uma socialite em busca de um largo carregamento para seu próximo evento, porém, o gesto pareceria pouco condizente. “É assim que vocês tratam seus convidados?!” Sua voz subiu uma oitava, tão aguda quanto o das muitas jovens mimadas com quem a morena já havia cruzado. “Se eu soubesse que eram tão brutos, teria escolhido outro supplier! Você tem noção de quanto eu pretendia comprar? Eu...” As palavras morreram sobre os lábios rubros, o olhar fixo na figura masculina a se aproximar. Katherine o reconheceria a centenas de metros de distância.
Ele não deveria estar ali. Preso na missão responsável pelo decolar de sua carreira, Gregory pegara prisão perpétua por múltiplos assassinatos, alguns dos mais sangrentos vistos na última década, e seu envolvimento com o tráfico local. “Que prazer encontrá-la de novo, Kat. Quanto tempo faz? Cinco meses? Seis? Continua tão linda quanto sempre.” A essa altura, seu parceiro também já havia sido rendido, um cano de mesmo calibre apontado para sua cabeça. As íris escuras brilharam com um divertimento doentio, no cintilar a promessa de que obteria aquilo que buscava desde o princípio: os nomes de seus informantes. “Prendam-na, nós temos uma conversa pendente. E livrem-se dele.” O sorriso cruel foi a última coisa que a agente viu antes do golpe que tirou-lhe a consciência. 
— Localização desconhecida, 17:48
Um gemido escapou dos lábios femininos, os músculos queixando-se de golpes que ela sequer parecia se recordar. “Já estava na hora, bela adormecida.” A risada de escárnio precedeu o estalo produzido pelos dedos calejados contra a face da Hawthorne. Nada como a tortura que havia sofrido meses antes, mas o suficiente para deixar evidente a conotação pessoal da investida: tal qual da lâmina que ele agora afiava diante dos seus olhos. “Podemos fazer da maneira mais simples ou da mais divertida. Eu particularmente prefiro a segunda, mas meus superiores estão com pressa. Então por que não faz um favor a nós dois e começa a falar?” O desprezo que resplandeceu nas íris esverdeadas da agente foi externado através do cuspe lançado na direção do homem, mesmo com a inclinação do tronco tocando-lhe apenas as botas. “Você nunca decepciona, não é?” Gregory gargalhou ao voltar a atingir-lhe o rosto. “Pena que não temos muito tempo, porque eu tinha ótimas ideias do que fazer.” Completou, o metal frio pressionando-lhe a jugular.
O puxar dos fios escuros obrigava a Hawthorne a manter o olhar erguido, contribuindo para o latejar infindável que denunciava o ocorrido nas últimas horas. Ela não tinha tempo para isso, porém. Em uma inspeção rápida, não foi capaz de encontrar rotas de fuga. Não havia dutos de ventilação ou qualquer outro tipo de abertura e, a julgar pelo eco do ambiente, tampouco deveriam existir janelas abertas ou saídas além daquela a sua esquerda. Uma equipe de resgate também estava fora de cogitação. E o destino de Landon não deveria ser muito distinto do seu. A morena trincou os dentes, a mandíbula tensionada no processo. Para alguém acostumada a encontrar saídas para os mais complexos contextos, não foi simples admitir que estava encurralada. “Perdeu a língua gatinha? Eu lembrava de você ter garras mais afiadas. O que foi? Não é tão corajosa sem um time por trás?” Ele aproximou o rosto da mais nova, no processo minimizando o aperto o suficiente para que Katherine lhe desse uma cabeçada no nariz. 
O recuar abrupto foi seguido de um praguejar irado, a canhota masculina alcançando o nariz que agora jorrava sangue. Provavelmente não foi seu movimento mais prudente, porém, não era preciso uma vasta experiência para chegar à conclusão de que o destino da agente era apenas um. Doloroso, desagradável e trágico. A não ser… O semblante da morena iluminou-se. Havia outra saída. E ela se encontrava presa em sua blusa. O escancarar da porta desviou a atenção de Gregory por um segundo a mais, tempo suficiente para que Katherine levasse os lábios ao tecido da camiseta, arrancando a pílula escondida em um pequeno compartimento e engolindo-a antes que o homem pudesse voltar a ameaçá-la. A Hawthorne jurara entregar a vida em prol da segurança nacional e era exatamente isso o que fazia ao abraçar seu destino, sem arriscar entregar um nome que fosse.
Os olhos imediatamente tornaram-se pesados, a respiração ruidosa ao sentir outro golpe, este forte o suficiente para tombar a cadeira para o lado. O corpo esguio encolheu-se ante o impacto contra o chão, uma dor aguda atingiu-lhe a cabeça. Agora, porém, não havia mais importância. Tudo chegaria ao fim em alguns segundos. “Não precisamos mais dela.” A afirmação soou como um murmúrio longínquo, abafado a ponto de levantar questionamentos quanto à precisão do que ouvira. Ou assim teria ocorrido, caso seu coração não tivesse deixado de bater naquele instante. 
— Oceano pacífico, 20:56
A constatação da própria consciência veio com um grito sufocado, os olhos queimando ao buscar enxergar na imensidão negra. A tentativa de inalar o oxigênio que lhe era vital se deu de maneira frustrada, enchendo, no processo, os pulmões com água salgada. Os pensamentos lentos eram pouco condizentes com a mente sempre atenta da Hawthorne - mas deveria ser esse o resultado do súbito regresso à vida, não? - e os músculos bem treinados não respondiam propriamente aos comandos femininos. Uma, duas braçadas. As pernas deram um último impulso e o alcançar da superfície concedeu-lhe alguns segundos de ar, antes de ser engolida novamente pela escuridão completa. O envolver do próprio corpo por um aperto firme foi tido como um fruto da própria imaginação, uma sensação reconfortante antes de entregar-se aos braços da morte. Afinal, como esperar enganar a foice duas vezes em uma mesma noite?
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kathcrinc · 3 years
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A agente tinha uma vaga lembrança das paredes de tonalidade clara e dos bipes regulares que deveriam ser oriundos de seu monitoramento cardíaco - e, acredite, Katherine possuía experiência o suficiente com esses para reconhecê-los mesmo sem ter virado o rosto. Isso deveria significar, portanto, que estivera acordada antes, ainda que suas lembranças lhe parecessem um tanto embaçados, algo a que ela não estava acostumada. Os olhos voltaram a se fechar, o semblante franzido denunciando a falta de clareza de seus pensamentos. “Não...morri.” A morena repetiu devagar, a voz mais rouca do que o usual. E então tudo pareceu regressar como em uma enxurrada, semelhante a água a puxa-la para o fundo, apenas algumas horas mais cedo - ou era assim que a mulher pensava. O levantar abrupto foi seguido de um gemido baixo, condizente com o estado debilitado do corpo que passara os últimos meses em coma. “A missão, meu parceiro... Vocês pegaram eles? Onde ele está? Ele já acordou? Quantas horas eu passei apagada? Eu preciso vê-lo.” A adrenalina pulsou em suas veias, exigindo da mente cansada uma resposta que ela ainda não parecia pronta a dar. Mas quando se tinha tanto em jogo, aquela opção era simplesmente impensada. Em resposta, os monitores indicarem a elevação de seus batimentos cardíacos, evidenciando seu estado agitado. 
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As mãos atrás das costas estavam entrelaçadas, o indicador batucando ao ritmo das pequenas gotas caindo do soro. Madzimoyo andava pelo quarto com a familiaridade de quem tinha dado diversas voltas. Idas e vindas calculadas, tranquilas, respirando fundo e contando o tempo do relógio. Aquele era seu primeiro teste como diretor-chefe, o momento que deveria conquistar seu lugar na equipe e o respeito de todos os ex-vivos. Dos que estavam passando pelo o que tinha passado anos atrás. Um sinal no monitor cardíaco trouxe sua atenção para o integrante em questão, o corpo avantajado do líder mantendo uma distância considerável para não arrancar sustos traumáticos. “Não, x senhorx não morreu. Não, x senhorx ainda não foi julgado pelas forças divinas. Algo melhor o aguarda.” A voz retumbante era proposital, para ser ouvida além dos túmulos que alguns tinham sido falsamente enterrados. “Seja bem-vindo ao Afterlife, (título do muse) (nome do muse); onde carinhosamente apelidamos de Orion Protocol.”
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kathcrinc · 3 years
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Loyalty isn’t grey. It’s black and white. You’re either loyal completely, or not loyal at all. And people have to understand this. You can’t be loyal only when it serves you.
Sharnay (via onlinecounsellingcollege)
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kathcrinc · 3 years
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Quando KATHERINE HAWTHORNE CECILIA GAGLIARDI acordou e se viu no meio de uma seleta equipe, ele mal conseguiu se conter. A felicidade de saber que não estava morto aos TRINTA anos foi tão grande, que ele quase deixou de lado sua fama de FECHADA E INSUBORDINADA que contrastam com o fato também de ser PERSEVERANTE E AUDACIOSA. Honestamente, se não soubéssemos que CAT não fosse um AGENTE DE CAMPO, juraríamos que se tratava da atriz SOPHIA BUSH.
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kathcrinc · 3 years
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erin lindsay [6/∞]
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