#MaldivasNetflix

bruna marquezine is a goddess

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Hellen conseguiu consertar a possibilidade de mais um dos surtos do Rawley, permitindo-o fugir das ideias assombrosas do passado dela com as palavras infinitamente mais agradáveis de um futuro. “ — You’re right. Of course you are.” Não passariam por aquilo, era o que Pax esperava. Mas foi sincero quando dissera que acabaria com qualquer cara que a machucasse, caso chegasse a acontecer. “ — Ah, vamos ver, né? Talvez eu tenha que te expulsar e jogar todas as suas coisas pela janela.” Brincou, é claro, exibindo um sorriso que mostrava isso. “ — We’ll get through this shitty time together.”

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𝐢𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐰𝐨𝐫𝐥𝐝 𝐰𝐚𝐬 𝐞𝐧𝐝𝐢𝐧𝐠 𝐲𝐨𝐮'𝐝 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐨𝐯𝐞𝐫 𝐫𝐢𝐠𝐡𝐭?

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Pax colocou o desenho de cabeça pra baixo, evitando spoilers e voltando a dar atenção à comida antes de terminar. Ele tinha a mania de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, sua mãe costumava dizer que deveria ter um TDAH não diagnosticado. Fosse como fosse, o tatuador pausou antes de levar o macarrão à boca, ouvindo o comentário de Hell com uma pontada no peito que sempre se transformava em raiva. “ — É, me deixam sim.” Não mentiu, fixando os olhos em um ponto aleatório do colchão. O acontecimento em si. A naturalidade que Hell falava dele. Tudo isso lhe deixava puto. Mas Paxton forçou-se a respirar fundo e esticar a mão pela cama na busca da alheia. “ — But, hey. You’ll never have to go through anything like that again. Okay? I swear to you. Eu arrancaria as mãos de qualquer cara que tentasse te machucar, sabe disso né?”

Hell suspirou, fitando a mão de Paxton que havia buscado a sua, depois ergueu os olhos castanhos para ele. ❝ Eu sei. Não existe lugar onde eu me sinta mais segura do que do teu lado. ❞ Ela apertou a mão alheia. ❝ Mas não vamos precisar chegar a tanto, tá bom? Vamos seguir nossa vida e jogar fora todo o passado — o meu, o seu e o nosso. É por isso que tô aqui... pra construir alguma parada nova que nem eu sei o que é. ❞

Hell largou a mão de Paxton e voltou a dar atenção ao que restava do miojo, acrescentando em tom de humor: ❝ Isto é, se você me suportar durante essa parada de quarentena. ❞

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“ — Tá vendo? Se você tivesse tido um espaço pra mim na sua agenda, não estaríamos presos com uma cama que range.” Brincou, também tentando não deixar a merda das últimas semanas atingir o que tinham agora. Fez, porém, uma careta à menção de que Hellen deveria estar comendo na casa de outro cara. “ — Aposto que ia comer uma comida fresca do caralho…” Ele continuava focado na arte, esticando-se mais uma vez para buscar canetas coloridas — estava curtindo tattoos com cores ultimamente, se fosse do agrado da Coleman. Soltou uma risadinha e ergueu os olhos pra ela por alguns segundos antes de voltar ao desenho. “ — Tem certeza que quer fazer isso? Se a gente terminar e der uma merda muito grande de novo, toda vez que você olhar pra tatuagem vai lembrar de mim e querer atear meu corpo em fogo.”

Ela riu, com a boca cheia demais para completar com outra piada, mas a verdade é que estava pouco se fodendo para cama, colchão, mesmo o teto da casa. Só importava poder estar junto do Rawley de novo. Parecia bom demais. Tão bom que ficaria desconfiada se não estivesse chapadinha de maconha. ❝ Ah, provavelmente. Odeio a comida dessa gente, aquelas pequenas porçõezinhas. E ainda ter de fingir que tá gostoso. ❞ 

Hell engoliu, curvando-se de novo sobre seu prato na hora de responder, sem olhar diretamente para Pax. Riu em antecipação ao comentário sarcástico. ❝ Eu tenho a porra de uma cicatriz na coxa por causa de um estupro, vai por mim, a tatuagem não vai me incomodar mesmo se a gente terminar. ❞ Ergueu o olhar em seguida, na hora mesmo, sabendo que tinha falado demais. ❝ Foi mal, Pax. Eu esqueço que essas paradas te deixam nervoso. ❞

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Paxton riu junto com ela, concordando que ele tampouco ria dessa forma desde a briga fatídica que tiveram. Parecia bom demais pra ser verdade, e o Rawley, tão acostumado com seus relacionamentos indo à merda, perguntou-se se seria duradouro. “ — Huh?” Voltou sua atenção à Hell com a pergunta, dando-se conta que ela se referia à cama. “ — Normalmente não. Mas não tive a chance de fazer o teste verdadeiro ainda, eu e minha mão não damos conta.” Ele brincou com a piada imatura, juntando-se à ela no colchão com cuidado para não derrubar o miojo. “ — Hungry?” Ergueu as sobrancelhas, a expressão divertida enquanto a assistia comer e antes de dar atenção ao próprio prato. Tinha uma colherada cheia na boca quando Hell anunciou o local da nova tatuagem. Paxton, artista ansioso que era, já inclinou-se para o criado mudo para buscar o caderno e lapiseira que deixava ali para ideias súbitas. “ — Okay. Acho que cabe Paxton Rawley debaixo do seu seio, huh?” Voltou à piadinha besta de antes, mas a mão na verdade começava a rabiscar, de fato, uma arte para ela.

Rangia, um pouco pelo menos, segundo a percepção de Hellen. ❝ Aww. Um cara como você não deveria fazer esse tipo de trabalho sozinho, sabe? Eu— ❞, parou para engolir. ❝ teria cuidado disso, você sabe, só pra testar e você poder devolver a cama a tempo. ❞ Estava brincando, infelizmente, evitando tratar as últimas semanas como um assunto proibido. Não é muito seu estilo, tanto é que falou com naturalidade sobre o compromisso abandonado com Brian Petraske. ❝ Fome pra caralho, era pra ter almoçado na casa do cara. ❞ Curiosa, Hell espichou a coluna para entender o que Paxton buscava no criado-mudo. Voltou a comer, sorrindo. ❝ Tenta: Paxton Rawley tem uma pica bonita. ❞

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“ — Pois é melhor começar, então. A boa notícia é que estamos em quarentena então você não vai ter a chance de perguntar pra minha mãe.” Brincou. Paxton estava sendo mais pentelho do que qualquer outra coisa, já que não se importava tanto assim com o nome do meio — não que o divulgasse gratuitamente, tampouco. “ — Comigo? Nada é o suficiente pra te fazer broxar na cama.” Ele piscou em uma brincalhona falta de modéstia. Gargalhou com a contraproposta dela, o Rawley também puxando seu prato e uma colher pra segui-la. “ — You play dirty, Coleman. Mas, quem sabe, pode ser que assim você descubra. Ah, é, arranjei uma cama, oh.” Apontou o óbvio quando alcançaram o quarto. O colchão velho que antes decorava o chão do cômodo agora tinha a altura de uma cama normal. “ — De segunda mão. Tão velha que desconfio que seja terceira ou quarta, na verdade, mas dá pro gasto, né?”

Hellen riu. ❝ Idiota! Mas pensa só que divertido: ei Emma, você se importa em me dizer o segundo nome do Paxton? É, isso mesmo que você ouviu, do Paxton. O do Kevin não me interessa. ❞ Mais uma gargalhada com a brincadeira sobre broxar na cama. ❝ Cara, eu não dou risadas assim desde... desde aquele dia. ❞ No quarto, sentada na cama nova, a Coleman se movimentou para testá-la. ❝ Ela range muito? ❞ Perguntou ao mesmo tempo em que fazia o experimento. Hell estava com fome pra cacete e passou a comer o miojo como uma verdadeira selvagem. Já não é comum que coma toda bonitinha, como a dama que finge ser nos jantares dos clientes ricos; mas desta vez estava para além do normal. ❝ Hm, a tatuagem. ❞ Retomou o assunto com a boca meio cheia, apontando para ele com a colher em alguns momentos. ❝ Quero que seja bem abaixo de um dos meus seios. É isto. O lugar você já tem... Agora quero a arte. Mas relaxa, vou amar qualquer coisa que sair da sua cabecinha maluca. ❞

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“ — É isso ou não é?” Sorriu torto também. “ — Nahhh, vamos manter alguns mistérios na relação, por favor. Você vai ter que fazer pra merecer pra ganhar meu nome do meio assim.” Pax separava o miojo em dois pratos quando Hell revelou o seu nome do meio, fazendo-o erguer as sobrancelhas em surpresa. “ — It really is, sounds fancy as fuck. Agora eu não quero mesmo te contar o meu.” Riu.

“ — Combinado, te dou um buquê em dobro pra compensar o que joguei fora. Pode terminar em putaria? Será que existe uma categoria stripper-balé?” Fingiu pensar, muito sério, como se realmente considerasse a ideia.

❝ Ah, é... ❞ Fingiu desdém com a história de ser namorada dele. ❝ Acho que sim. Bleh. ❞ Era brincadeira, claro, Hell se sentia nas nuvens e já tinha deixado isso claro. Há tão pouco tempo estavam afastados, agora estão numa relação oficial. Por que é que não fez isso antes? Maldita Juilliard que demorou demais para expulsá-la. ❝ Caralho, Paxton! Ninguém te contou que eu amo desvendar mistérios? Vou acabar vendendo minha alma só pra descobrir teu nome do meio. ❞ Riu. ❝ Deve ser um nome bem merda então... Será que merda o suficiente pra me fazer broxar na cama? ❞ Ela desistiu do coque e levou a canhota até a boca para compor a expressão de espanto. Depois, deu a volta e pegou um dos pratos com o macarrão e um garfo na gaveta. Sabia onde encontrar praticamente tudo na casa do Rawley, assim como tinha liberdade para andar por todo canto no local. Ela foi para o quarto dele em vez de ficar por ali na sala e foi pelo caminho que respondeu em voz alta a proposta da dança, rindo entre as palavras. ❝ Parece interessante... perder as roupas aos poucos até que sobrem somente as sapatilhas. Isso deveria valer o buquê e o nome do meio. ❞

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“ — Eu sei lá, Hellen Coleman, desde quando eu sou um cara inteligente? Não sou o expert em relações sociais.” Ele riu, apesar da própria exasperação com a vergonha. Devia ter deixado esse assunto de lado. “ — Se eu te contasse a porra do meu segundo nome, eu teria que te matar. E seria uma pena assassinar minha nova namorada assim.” Piscou, tentando fugir do assunto. Humor sempre era a melhor saída. Pax colocou o tempero no macarrão, assentindo à mulher. “ — You did so fucking good. Quer dizer, eu sou parcial demais nessa opinião, mas pra mim foi a melhor bailarina naquele palco.”

❝ Ainda bem que a essa altura você já está expert em Hellen Coleman. ❞ A mulher pestanejou com ares de prepotência para, depois, quando perguntou sobre o nome completo de Pax, derreter visivelmente com um sorriso bobo. ❝ Sua nova namorada, é? ❞ Hellen tragou pela última vez o cigarro. ❝ Pois saiba que eu vou descobrir a porra do seu segundo nome, quer você queira ou não. Qual é, é tão fodido assim? ❞ Ela expeliu a fumaça bem devagar. ❝ Já te contei o meu, aliás? Alanis. Hellen Alanis Coleman. Yeah, I know, the name of a fucking star. ❞

Por fim, recebendo os elogios da pessoa que mais importava no mundo para ela atualmente, apagou o cigarro e usou das duas mãos para tentar um coque frouxo com os cabelos médios. ❝ Hum. Vou dançar pra você qualquer dia desses, tá bom? E eu quero o caralho do meu buquê quando eu terminar, foda-se. Se vira. ❞

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“ — Sei lá! É o que as pessoas levam pra bailarinas em apresentações, não?” Ao menos pensava ter se lembrado de alguma cena parecida em algum filme. “ — Joguei no lixo.” Abriu aqui um sorriso travesso e ainda levemente envergonhado. “ — Por isso te dei um ghosting de uns dois dias.” Pax explicou. Ele apagou o cigarro no cinzeiro e desligou o fogo ao notar que o macarrão instantâneo estava pronto. “ — O que você acha? You were fucking amazing. Me senti assistindo uma apresentação de uma dessas bailarinas famosas que se vê por ai.”

Hell abriu bem os olhos e apontou para ele com a mão livre. ❝ Exatamente, Paxton Rawley! Por que então você pensou que estava fazendo coisa de namorado? ❞ Bufou. ❝ Jogou no lixo... eu juro que vou quebrar a sua cara, garoto! Qual a porra do seu segundo nome, hein? Tá merecendo uma chamada de atenção tipo mãe e filho. ❞ 

Sorte a do Rawley que Hell precisou da opinião dele e se desarmou. ❝ Jura? ❞ Bateu palmas equilibrando o cigarro entre os dedos. ❝ I was SO fucking nervous! ❞

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Deixou-a reagir, como sabia que ela faria, porque era Hellen. Pax esperou até que terminasse porque interrompê-la apenas faria parecer que estava mesmo querendo brigar, o que continuava não sendo o caso. “ — Eu não falei nada porque cheguei lá com a porra de um buquê de flores, feito o perfeito idiota que eu sou.” Riu dele mesmo. “ — Aí vi todos os seus amigos… e esse babaca. De repente percebi que tava agindo feito um namorado e, bem, não era o caso na época, né? Fiquei com vergonha, tá bom?” Deu de ombos, soltando uma sarcásica risada nasal para tentar disfarçar que talvez estivesse um pouco envergonhado agora também. “ — Simplesmente me mandei depois disso. Mas ok. Bom saber que você não tentou me substituir com um desses caras riquinhos e nojentos.”

❝ A porra de um buquê de flores, Paxton? ❞ Hell quis enchê-lo de tapas, mas esperou que terminasse de falar. Ela levou uma mão ao rosto e respirou fundo. ❝ Eu não acredito que você esteve lá. ❞ Ergueu os olhos para ele sem tirar a mão do rosto. ❝ Seu idiota... o que você fez com o meu buquê? ❞, mas acabou rindo de novo, desta vez com afeto. Hell saiu do lugar e se aproximou mais de Paxton, deixando o balcão entre eles. Deu dois toques no cigarro para cair as cinzas e então voltou a falar, mordendo o canto interno da boca. ❝ O que você achou? Do espetáculo. ❞

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“ — I’m glad you’re not friends with her anymore.” Ele resumiu sua resposta. Jamais seria o tipo de cara que controlaria quem eram os amigos da pessoa com quem estava, mas tinha que ser sincero. O pouco que sabia de Amalia já não gostava. “ — Você não respondeu minha pergunta. Porque eu disse que não ia rolar você optou pelo plano B e chamou um cliente?” Pax ergueu as sobrancelhas. Não comprando uma briga nem nada do tipo, apenas tentando entender. Mas acabou admitindo: “ — I was there. Mas fui embora logo depois da apresentação. Me senti meio bobo, eu acho.”

Hellen prefere Paxton assim, direto, sem rodeios, manifestando sua opinião, mesmo que isso signifique ela vai se irritar com ele. Com a continuidade da explicação, ela acabou dando uma risada assim que compreendeu o todo da cena. ❝ Mas é claro que não, garoto! ❞ Levantou-se do sofá carregando o cigarro entre dois dedos. ❝ E por que diabos você não me disse que tinha ido? Porra, Paxton! Eu fiquei chateada pra cacete, porque queria você lá na plateia, queria que você me visse. E não, não chamei o Brian. ❞ Aqui a Coleman respirou fundo e tirou do rosto o sorriso sarcástico. ❝ Lembra que postei nos meus stories a peça de divulgação do espetáculo? Ele viu e apareceu. Simples assim. ❞

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“ — Você teve um Rawley-upgrade desde o primeiro dia que me viu.” Ele colocou a língua pra fora em um sorriso debochado ao irmão. Pobre Kevin. Doente e preterido. Mas a felicidade de Pax no momento serviu até para cobrir a culpa. “ — Foi mesmo o que pareceu.” Que ela estava tentando plantar ideias na cabeça dele. “ — Eu só conseguia pensar que amiga de merda ela era. Parecia que estava torcendo contra você, que amiga faz isso?” Ele bufou, irritado, e passou a mexer o macarrão na panela. Encarava a refeição quando Hell respondeu sua pergunta, Pax assentindo devagar e evitando erguer os olhos para a mulher no sofá. Algum motivo especial pra essa pergunta? Ah, ele não queria ter que admitir o que rolou naquele dia, mas o questionamento viera mesmo de um lugar aleatório demais, é claro que Hell queria saber. “ — Você convidou algum pra sua apresentação de balé no final do ano?”

Tão má quanto Paxton, Hell riu da piada. ❝ You are the worst, Pax. ❞ Acrescentou, achando que talvez soaria um pouco menos insensível assim. ❝ As amigas do tipo imaturo fazem isso. Eu mesma já estive em situações ligeiramente parecidas antes... claro que não nesse nível da Amalia. I mean, she knew I was in love with you. Isso ela sabia, que eu estava diferente, que estava tentando sair definitivamente do... ramo. ❞ Apresentação de balé. Hellen deixou cair o queixo devagar, meio boba, porque o problema era sim com Brian, mas não na ocasião em que ela pensou. ❝ Eu convidei você. E você me respondeu por mensagem que não ia rolar. Certo? Você não foi... ❞ Ela contaria sobre o rapaz, claro que contaria, mas nesse momento estava mais a fim de entender a conversa de Paxton.

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Paxton colocava o macarrão instantâneo na água enquanto Hellen narrava os acontecimentos depois que ele foi embora da festa. Não pôde evitar o àquele ponto habitual sentimento de incômodo à menção de clientes. “ — Os clientes sempre vão ser um problema pra mim.” Respondeu pontualmente, querendo dizer que nunca vai conseguir ouvir aquelas coisas com naturalidade. “ — Mas, é, foda-se. Amalia é uma idiota, tinha que ter visto a pose dela falando comigo, como se me conhecesse, ou como se conhecesse a gente.” Revirou os olhos. Hell pediu para que olhasse e o Rawley obedeceu, e a fala dela até conseguiu desmanchar a expressão marrenta que ele havia carregado com o primeiro assunto. “ — You’re fucking boyfriend.” Repetiu como um menino bobo de treze anos, mas voltou a ficar um pouco mais sério para responder. “ — Eu sei, tá? Só que você tá mais ferrada do que eu agora, sem ofensas, em relação ao dinheiro. Enfim, quando esse problema chegar, a gente discute ele, ok? Na verdade agora, já que a gente infelizmente entrou nesse assunto, deixa eu matar uma curiosidade minha… os seus clientes, você os convidava pra… outros tipos de coisas? Sabe, fora o habitual.” Tinha uma situação específica em mente, a apresentação de balé que Hell nem ao menos sabia que ele assistira. Paxton havia ficado com uma puta pulga atrás da orelha com o homem que vira com ela, perguntando-se se era o que pensava que era.

❝ Não precisam ser. ❞ Hell não conseguiu entender claramente a mensagem que Paxton estava tentando passar. Provavelmente falaria sobre os caras outras vezes, pensando que quanto mais naturalizar o passado, mais o Rawley vai perceber que não há como comparar o relacionamento profissional da Coleman com o relacionamento que tem com ele. ❝ Éééé, meu homem desde o primeiro dia que te vi. ❞ Filho da puta com o sorriso bobo. Em contraste, Hell olhou para ele com maldade, ligeiramente luxuriosa. ❝ Fucking bitch. I know her modus operandi. É por isso que não cheguei a compartilhar muito da nossa intimidade com ela, o que faz ser impossível a vaca conhecer nós dois de forma profunda. O que há entre nós dois, é o que eu quero dizer. Na real que ela estava tentando plantar ideias na sua cabeça. ❞ Dedicada ao cigarro, Hellen se sentou no sofá, largada, para continuar a conversa mais confortavelmente. Após a pergunta curiosa de Pax, contudo, ela se deitou no estofado fodido. ❝ Eu já fiz isso algumas vezes, no início. ❞ Convidar clientes para eventos pessoais. ❝ Mas uma vez que você dá essa liberdade pro cara, ele começa a acreditar que tem certo poder sobre você. ❞ Tragou e olhou para ele, encostando a bochecha em um dos ombros. ❝ Algum motivo especial pra essa pergunta? ❞ A mulher se preocupou um tantinho, visto que Brian esteve na casa dela no dia do aniversário de Amalia e Hell teve que tocá-lo para fora.

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Rolou os olhos, não comentando sobre a comparação, mas sentindo-se menos incomodado do que antes. Lembrar da ex-profissão de Hell continuava sendo uma merda, mas ao menos agora era isso, ex. “ — You really should. Aliás, me conta direito essa parada sua e da Amalia, vocês brigaram depois?” Não podia negar estar curioso quanto à isso, e tampouco diria à ela para tentar recuperar essa amizade. Depois daquela noite ele também criou um ranço irreversível da mulher. “ — Por que eu mentiria? Não tenho o que te esconder, Hellsy. E você só vai contribuir se for preciso, como eu disse, o que tenho deve dar pra sobreviver… nós dois, eu quis dizer.”

Tragou profundamente, expulsando a fumaça para cima bem lentamente. ❝ A gente brigou pra caralho. Eu expulsei aquela vadia da minha casa e todos os convidadinhos dela logo depois que você se foi. Ela estava me fodendo total. Roubou um dos meus melhores clientes e não me disse nada... mas isso eu descobri alguns dias depois. Aquele dia eu sei que ela deve ter te falado uma infinidade de merdas, porque a puta não sabe lidar com a felicidade alheia. ❞ Hell tragou de novo e emendou com a fumaça presa: ❝ O cliente não é o problema, tá? Foda-se o cara. O que me deixou puta foi a deslealdade de uma das pessoas que tinha livre-acesso à minha casa. ❞ Quando falaram sobre dinheiro, a Coleman se aproximou de onde Paxton estava. ❝ Hey Paxie, look at me. ❞ Esperou que ele olhasse. ❝ You don’t have to. You’re not a client who has to provide for me, you’re my fucking boyfriend. We take care of each other. É uma via de mão dupla, tá legal? ❞

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“ — Wow. Wow, Coleman, you’re hilarious. Como você nunca me contou do seu passado como comediante?” Foi o jeito que ele rebateu a piada dela com o assunto do irmão, mas também ria, um tanto exasperadamente. Agora assim Paxton observou-a de calcinha e sutiã, passeando pela sala, e quase lamentou quando Hell cobriu o corpo. Só não o fez porque ficava fodidamente sexy em vestes masculinas. Ele tragou antes de responder a pergunta. “ — Faz um tempo que não… é uma merda, mas não tem muito o que fazer, né? A minha sorte é que eu tinha guardado uma grana, devo conseguir pagar o aluguel por uns dois meses e não morrer de fome, mas se essa porra se estender por mais tempo… não sei como vai ser.”

❝ Puta e comediante dá na mesma. A gente ganha uma merreca pra divertir gente chata. ❞ A mulher rebateu com outra piada, divertindo-se com a risada exasperada do Rawley. ❝ Também não falo com ela há tempos. Acho que deveria retomar esse contato, aliás, agora que perdi uma amiga. Ei... Essa história da grana. Você não tá mentindo pra mim não, né? Aliás, foda-se você, vou contribuir enquanto estiver passando esses dias contigo. ❞ Hell acendeu o cigarro com seu isqueiro.

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“ — You have a point, miss.” Respondeu com uma meia risada quanto ao que fumavam. Os dois não eram exatamente o melhor exemplo de pessoas saudáveis. Pax apoiou as costas contra a bancada, curtindo a proximidade enquanto Hell vocalizava sua confiança nele. “ — Tem certeza? Você ainda não me conhece como namorado. Vai que eu sou maluco e tatuo meu nome e sobrenome na sua bunda, ou algo assim.” Ele brincou com uma risada besta, soltando-a para colocar água na panela. “ — Mas ok, topo o desafio. Só escolhe pelo menos o lugar, vou pensando na arte.”

Você ainda não me conhece como namorado. Hell teve que apertar os lábios para não sorrir de tão boba que estava. ❝ Bom, na pior das hipóteses, se a gente terminar, eu tento tatuar ‘Kevin’ em cima de ‘Paxton’. ❞ Rindo, puxou os dedos do cós da calça do tatuador. Enquanto ele ajeitava a panela para cozinhar o macarrão, ela foi até a sala e pescou a camisa masculina no chão. Vestiu-se com ela e, então, procurou um cigarro comum na sua bolsa. ❝ A Sarah deve estar ficando maluca lá na casa dela. Hiperativa pra cacete como ela é e ainda tendo que deixar o estúdio fechado, sem gerar grana. Você tem falado com ela? ❞

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