Faz algum tempo que não durmo fora de casa, que não viajo de carro, que não viajo no geral. Sabe aquela sensação de ver o sol e ler o livro preferido daquele momento? Pois bem, há um tempo grande não tenho essa sensação, estou com saudade. Bem parecida com a sensação de se apaixonar por uma pessoa, faz tempo que esse sentimento foge de mim. Estou me contentando com a felicidade de me apaixonar pela minha vida todas as vezes que paro para contemplá-la, e cá entre nós, não há nada mais gostoso do que ter espaço só para você na sua vida; o amor, a paixão ocupam um espaço nos dias que ela está ativa. Tenho certeza de que posso me apaixonar por vários livros sem eles me abandonarem; uma paixão rápida (o tempo de ler ele inteiro) depois a paixão acaba; O livro acaba, quando já desvendei seus segredos e li todas as suas palavras. Está na hora de ir para outro e por aí vai, cada semana um livro novo, cada semana uma paixão nova.

Se comprometa com o seu desejo. O do outro, é só dele.

Me faltava papel higiênico.

Era só isso que me faltava há dois dias, enquanto tomava vários e vários banhos ao dia. Um amigo usou papel toalha para tirar o batom; coitado, deve ter arranhado a boca.

Ir ao mercado resolver um mínimo problema me traz alguns outros maiores. Será possível ir ao mercado e pegar uma única coisa? Para mim, não. Na quinta-feira pela manhã, com ânimo para ir ao mercado, pulei a academia às 6h para estar lá às 8:00. Ótima escolha. O mercado estava vazio, então escolhi com calma: o que eu fui buscar mesmo? Chocolate, né? Me deu vontade de um pão com presunto e queijo; o quilo do pão está 17 reais, um absurdo. Adoro esse doce recheado, que vai bem no café da manhã. Nesse momento, já peguei uma cestinha e, é claro, faltava algo para beber, algo gelado. Passei no caixa, digitei o CPF e pronto, faltou o papel higiênico, o foco principal daquela visita: "Moça, vou buscar rapidinho um papel higiênico que esqueci, qual corredor é?" Achei, peguei, mas não, eu gosto da outra marca. Deu certo, voltei!

Só me faltava um papel higiênico e acabei esquecendo de pegar um alface para o almoço.

Me identifico com a beleza de dedicar atenção a uma situação!

Entretanto, me sinto constantemente imersa em uma corrida frenética, onde o ritmo é avassalador, tornando difícil focalizar minha atenção nos aspectos essenciais. Isso muitas vezes resulta em procrastinação e uma sensação de que minha atenção está sempre dispersa, fugindo de mim. Vivo numa era em que a atenção parece estar sempre perdida, incapaz de se fixar em um único lugar, me dividindo entre inúmeras distrações e sempre me impedindo de compreender o verdadeiro significado do presente.

Decidi direcionar minha atenção para curar uma ferida antiga que ainda estava aberta. Embora não seja minha própria ferida, ressoa em mim de maneira profunda. Não estou simplesmente assumindo a dor de outro ser humano, mas me comprometendo a ajudar em seu processo de cura, assim como ela já me auxiliou em muitas ocasiões. Compreendi que, para oferecer ajuda significativa, é essencial dedicar minha atenção genuína e oferecer suporte com afeto, cuidado e responsabilidade.

Mesmo que ainda esteja aprendendo a utilizar esses recursos, estou determinada a contribuir, é isso já basta.

Estou cansada do Instagram! Decidi abandonar essa rede social cheia de conteúdos rápidos e superficiais sobre a vida de algumas pessoas e da minha própria vida. Sempre rola aquela vontade de postar a foto bonita no exato momento em que ela foi tirada. Com o Instagram, não consigo guardar para mim meus momentos e minha rotina; sinto a necessidade de compartilhá-los em tempo real ou quase. Percebo que o Instagram está se tornando cada vez mais estressante, desinteressante e raso para mim! Talvez seja só comigo, já que estou sempre navegando pelo Instagram em busca de suprir interações e trocar mensagens, à espera dos memes da amiga que não vejo há meses. (Será que é um sinal de que a amizade acabou? O fato de uma amiga não enviar memes é preocupante, não acham?) Fiquei pensando se excluir o Instagram é uma forma inteligente 🧠 de resolver a situação, ajustar meus posts e essa vontade de atenção seria melhor, não é? Será que não compartilhar minha vida com meus amigos é errado? Ficar sem Instagram é tão desafiador quanto não se emocionar ao encontrar um amor romântico. Reconheço que o Instagram estreita laços e facilita a comunicação com os amigos. Não preciso conversar com cada um pelo WhatsApp (cansativo demais); através dos Stories, consigo me comunicar com todos de uma só vez. O Instagram gira muito em torno de uma sensação imediata de gratificação, é hora de reavivar os laços presenciais e desfrutar de momentos significativos com amigos. Que tal marcar um encontro para matar a saudade com a amiga? Me desafio a buscar interações fora do Instagram, a explorar novas atividades ao ar livre e a aproveitar a vida além das telas.

Parece a parede de uma sala de médico, mas na verdade é de um teatro, isso te assusta?

E a primeira vez que venho em um teatro sozinha, e estou ansiosa, ter acesso a cultura teatros não é algo que em minha cidade natal tinha, ou tem.

Desde que me mudei de cidade estou em uma maior, tenho mais acessos a peças gratuitas, a cultura gratuita. É maravilhoso!

A primeira peça que eu vi, se comparou a minha primeira vez no mar, conheci o mar aos 12 anos e as peças de teatro os 24.

Caminhava com a mão no bolso, observando as gotas de chuva e os carros passando pela avenida movimentada. De repente, uma moto preta cai bem à minha frente, na entrada de uma loja de autopeças. Eu vi aquele chão molhado, uma garrafinha de plástico com água saindo rolando e uma menina caindo. Na hora, lembrei da minha própria queda de moto alguns meses atrás, causada pela pressa em uma curva durante a chuva, a afobação para não chegar atrasada.

Ofereci ajuda e me questionei: eu não aceitei ajuda no meu acidente. Ela aceitou minha ajuda, o que a motiva a aceitar ajuda? Percebo como minha criação influenciou minha atitude em relação a machucar-se e pedir ajuda. Ao aceitar minha ajuda, percebi a complexidade das interações humanas e a importância de praticar a empatia. E me toquei que não perguntei o nome dela, faz diferença? Reconhecendo que a natureza ambígua das interações sociais pode nos desafiar a compreender os outros e a nós mesmos.