Trabalho Final

Uma história em vídeo

Trabalho final

Quis contar uma história. Que fosse minha.Verdadeiramente minha. Fica difícil contar uma história verdadeiramente minha, quando tenho tanta coisa para arrumar dentro de mim. Fica difícil saber que gaveta arrumar primeiro, em que prateleira procurar um conto. O tempo passou, essa dimensão que agora passa mais rápido que nunca. E a história ficou por contar. Aliás, ficou tudo um pouco por contar, fazer, trabalhar, organizar.  Ficou tudo no tempo que passou e foi passando. O querer contar uma história continuava em mim, por mais que sinta e sentisse que não tenho grandes histórias para contar, quero fazê-lo. E acabei por fazê-lo. O conto de quem já não tem ideias nem muita vontade de contar um conto. O conto do tempo esquisito e parado. Que para mim começou como um acalmar, bebi chá com a realidade do meu mundo, e logo se transformou numa boca gigante, de saliva espessa, que me engole aos pedaços para dentro do seu estômago fundo e profundo. Estou cheia desta saliva que não me deixa mexer e ter grandes vontades e decisões. Enrolou-me os braços à barriga e colou de baba as pernas uma à outra. Fica complicado esticar um braço de querer fazer algo, um braço e uma voz que queira contar histórias e cria-las. E fica ainda mais complicada quando não sou só eu que estou por arrumar, mas também o mundo lá fora. Que também entrou em mim, com todas as suas gavetas abertas e desorganizadas, a cama por fazer e uma pilha de loiça na bancada da cozinha e disse: comigo também te tens de preocupar. Emaranhou-se na saliva que já me engolia para me comer mais um bocadinho da garganta.

É essa a minha verdadeira história que conto. Neste momento não sei mais nenhuma, só essa faz sentido. E, talvez, criar estas imagens que para mim falam mais alto que qualquer coisa que eu possa dizer sobre elas, me ajude a arrumar o meu mundo e o de todos. Talvez. Pelo menos, tentei pensar as imagens como um ato de sair desta saliva que já me enoja. Um ato de contar este tempo disforme e de sair dele, pelo menos, com duas pernas, dois braços, pés, mãos, tronco e cabeça.

Trabalho final

-As imagens

As projeções. As várias que se enroscam e desenrolam. Projeto a minha história em imaginário riscado. Projeto esses traços em paredes e formas. Em pessoas também. No caso especifico, numa pessoa. Ela projeta a narrativa, encena-a. E as imagens que resultam de todo o emaranhado, projetam, por sua vez, o todo do caminho.

Os desenhos são a luz e a cor, mas o que contam são pouco disso.

A cadeira e o sentar fazem me perguntar até quando vou ficar estática neste lugar, o mundo vem ter comigo ou vou ser eu a ir ter com ele?

Trabalho Final

As narrativas e as histórias são o que sinto que me liberta mais a criar, a contar e a pensar. Pensar sobre as minhas vivências, sobre as que vivo e as que imagino. Criar sobre elas como se só aquilo fosse eu, como se só assim pudesse existir crua. E contar essas narrativas da forma que mais me libertar.

O riscar sempre será a minha forma de me contar. Riscar sem leis. Como uma criança e, também, como quem conta uma história a uma criança.

A minha história deste tempo esquisito começa no meu mundo frágil, bonito e confortável. E repete, e repete e repete. E de repente sai. Ou quer sair. Ou a rua começa a entrar. E o mundo todo senta-se no meu quarto, ocupa a minha cama, estraga os meus lençóis. Já não sei se sou eu a desarrumada ou se foi este turbilhão que desarrumou tudo.

Exercício 3

Bieke Depoorter

https://www.magnumphotos.com/photographer/bieke-depoorter/

Bieke Depoorter cria ligações com quem fotografa. Não são meros modelos ou contemplações estéticas, são relações. A natureza artística do seu trabalho nasce assim do querer conhecer e conectar, do acaso das circunstâncias que fazem desenvolver narrativas contadas através de imagens.

Com a sua história e com a história de quem é fotografado, narra algo que, ao mesmo tempo biográfico e pertencente a seu mundo, é reflectido no mundo de fora, no real.

Convida directamente as pessoas a escreveram sobre as suas fotografias em 2017, no Egipto. Convida as pessoas a serem a sua história, a pertencerem ao seu imaginário, que se torna uma mistura quase inseparável das duas partes da realidade.

E, para mim, é esse contar das histórias que me prende, que me deixa entrar no quarto ou na casa de banho. Que me molha com a água do balde na rua fria, que me aconchega no abraço caloroso dos braços e lençóis. Faz-me querer que sei aquela realidade, mesmo sendo tão distante de mim. Faz-me ver também a minha história ali, naquelas imagens cruas.

Exercício 2

Movimento do Objeto

Arrastamento

Artistas correspondentes às fotos:

Guy Le Querrec-https://www.magnumphotos.com/photographer/guy-le-querrec/

Alessandra Sanguinetti-https://www.magnumphotos.com/photographer/alessandra-sanguinetti/

Marilyn Silverstone-https://www.magnumphotos.com/photographer/marilyn-silverstone/

Exercício 2

Movimento do objeto

Congelamento

Artistas correspondentes às fotos:

Miguel Rio Branco-https://www.magnumphotos.com/photographer/miguel-rio-branco/

Larry Towell-https://www.magnumphotos.com/photographer/larry-towell/

Lua Ribeira-https://www.magnumphotos.com/photographer/lua-ribeira/

Exercício 1

Com profundidade de campo

Artistas correspondentes às fotos:

Paul Fusco-https://www.magnumphotos.com/photographer/paul-fusco/

Alessandra Sanguinetti-https://www.magnumphotos.com/photographer/alessandra-sanguinetti/

Patrick Zachmann-https://www.magnumphotos.com/photographer/patrick-zachmann/

Exercício 1

Sem profundidade de campo

Artistas correspondentes às fotos:

Larry Towell-https://www.magnumphotos.com/photographer/larry-towell/

Paul Fusco-https://www.magnumphotos.com/photographer/paul-fusco/

Bieke Depoorter-https://www.magnumphotos.com/photographer/bieke-depoorter/

2ª etapa das Narrativas Visuais.

A vida e a vida. Dois corpos vivos. Um beijo do verde. Que cresce. A superfície do meu corpo a brotar, como um solo fértil. À porta da boca, a chegada à imensa floresta.

Se não há floresta lá fora, encontra-a cá dentro. Nasce devagar, na ponta dos dedos. Torna-se vasta à porta da boca.

Tiradas com a câmara do telemóvel

Segundo rolo de experiências analógicas, mais uma vez com a debonair.

Primeiras experiências analógicas com uma debonair.