eamand - Tumblr blog

eamand · 3 years

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"Eu não tinha percebido onde aquilo ia chegar, até ver você entrando pelo portão, me fazendo sorrir com qualquer comentário bobo sobre os doces que eu havia comprado. Você poderia ter ido embora logo após me entregar os doces, mas não. Você ficou. Você escolheu ficar lá. Ou será que eu te obriguei? Eu te pressionei para que ficasse lá comigo? Eu te prendi?

Os dois pensamentos são possíveis para mim, mas o que me ganha é o de que você escolheu ficar. Te ofereci um copo d'água, você aceitou. Após isso, você estava livre para ir, mas ainda assim continuou ali, em pé na porta da cozinha, me encarando e soltando pequenos sorrisos. Isso me lembrou de tantas coisas, retribui seu sorriso.

Eu precisava de você mais perto, aquela distância estava me sufocando e eu precisava chegar mais perto de você. Mas, sempre que me aproximava, você dava um ou dois passos para trás, me ferindo com cada movimento. Você me queria perto? Se não, porquê ainda continuava aqui? Eu não entendia, mas sabia que podia ser o seu jeito de ser.

Aos poucos fui me aproximando, comentando sobre a espinha do seu rosto. Eu podia te tocar? Levei minha mão ao seu rosto e confiei que não se importaria, e realmente não se importou. Um toque rápido e leve, apenas para demonstrar certa preocupação. Você me olhou e disse que precisava ir para casa.

Era agora, eu deveria esperar que você tomasse a iniciativa? Deveria estender a mão e me despedir com um aperto? Deveria te abraçar? Eu não tinha respostas, era como se não nós conhecêssemos e eu fosse uma adolescente de 14 anos. Até que você abriu os braços e esperou que eu aceitasse seu abraço. Pude sentir seu cheiro assim que encostei meu rosto no seu peito, o mesmo de anos atrás. Você acariciou meu cabelo e desceu suas mãos até a minha cintura.

Levantei meu rosto, me permitindo te olhar nos olhos e perceber que você ainda sorria, o mesmo sorriso bobo de sempre. Você estava mais alto que dá última vez que nos vimos, mais magro também. Sua aparência estava diferente, eu já não conseguia mais ver seu rosto sem levantar a cabeça. Assim que nossos olhos se encontraram, senti meu coração acelerar, meu rosto esquentar e o meu ar faltar.

Você estava ali. Depois de anos, você estava ali. Eu sentia suas mãos na minha cintura, estávamos tão próximos, eu poderia ficar na ponta dos pés e apenas selar nossos lábios. Era tudo o que eu queria, mas me faltava forças e me sobravam dúvidas. E se ele não quiser? E se ele estiver com alguém? E se ele só quis ser gentil em me trazer os doces e eu o prendi aqui com minhas conversas aleatórias? Eu estava com medo. Medo dele dizer não.

Naquele ponto, nossos rostos já estavam próximos o suficiente para que eu sentisse sua respiração contra a ponta do meu nariz, sentindo os dois se tocarem logo depois. Você abriu um sorriso e tomou a iniciativa. Sim, eu finalmente senti seus lábios novamente. Um sentimento percorreu todo o meu corpo, eu só conseguia pensar em como eu queria aquilo.

Nosso beijo foi tranquilo, sem pressa. Naquele momento, parecia que era tudo que eu precisava. Precisava de você ali, comigo. Paramos o beijo e eu apenas me voltei para a garrafa d'água e ao copo que você havia bebido. Não havia sentimento algum naquele beijo.

Ele apenas disse que precisava ir, então o acompanhei até o portão. Sem abraços, apenas um aceno com a mão. No fim, ele disse: Espero que você compre mais doces, eu ficaria feliz em trazê-los para você. Eu apenas acenei com a cabeça, confirmando que compraria mais doces. Mas era mentira.

Me virei e entrei na casa. Não havia sentimento ali, não era algo que podia ser cultivado. Não era amor, pelo menos não para ele. Foi algo tão vazio, tão sem sentido. Não daria certo agora, do mesmo jeito que não demos certo 1 ano atrás. Depois de 1 ano, as coisas continuavam iguais em você, apesar das mudanças físicas. Mas eu não sou mais a mesma. Eu queria um amor, procurei ele em você, não achei da primeira vez e pensei que fosse encontrar agora, mas não consegui.

Enquanto te escrevo isso, você deve estar repetindo nosso beijo em outras bocas. Acho que não vou comprar doces por um tempo."

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