Something In The Rain é um dorama atemporal.

O amor entre Seo Joon hee (Jun-hui) e Yoon Jin-ah abre precedentes pra discussões de temas atemporais como conflitos entre o relacionamento de pais e filhos no contexto de uma mãe narcisista, dominadora e um pai omisso que projetam as consequências da sua comunicação desastrosa nos filhos, Jin-ah se identifica com o pai porque ele a oferta compreensão e carinho em meio às suas limitações como homem e seu irmão Yoon Seung-ho permite uma guarda mais baixa em relação a mãe na tentativa de tê-la como aliada e não adversária em sua vida; o enredo ainda trata de forma explícita e real o assédio sexual vivido por mulheres no ambiente de trabalho, a eterna desigualdade de gênero nos cargos ocupados e salários relativos, a dificuldade e mesmo a ausência de correção moral e legal aos assediadores;

traz o relacionamento abusivo como um fator de conteúdo constante explorado nessa narrativa, a prota Jin-ah viveu por anos uma relação de violência emocional em silêncio, padrão que ela repete tendo como referência o relacionamento amoroso dos pais em seu contexto familiar;

o casal protagonista (Jin-ah e meu Oppa🫰🏻😁) levantam a discussão do preconceito dentro do relacionamento amoroso e sofrido através da sociedade que preserva em sua honra por manter os seus usos e costumes quando a diferença de idade existe;

a irmã do prota Gyeong-seon repele os relacionamentos amorosos em sua vida por que viveu a rejeição por parte da sua referência humana de amor: seu pai, com o trauma ainda latente ela escolhe como mecanismo de defesa manter essa área da sua vida esquecida;

e há a proposta de discussão do consumo alcoólico desenfreado que é intensamente explorada no contexto de cada história desse k-drama.

O que torna Something In The Rain atemporal são os conflitos humanos expostos em caráter de realidade e profundidade, a sua fotografia em luz, perspectiva e composição e sua trilha sonora elegante e muito bem posicionada.

Um drama romântico, pesado em seus conflitos, que exige autoanálise em saúde emocional a cada episódio, digno de Oscar em seu roteiro, atores principais e coadjuvantes, fotografia e trilha sonora, com um casal sinônimo de química e história de ressignificação e com um Oppa (que vai por mim, é a tradução de “o conjunto da obra”).

De fato, “O que há de errado com a Secretária Kim” é um clássico!

Ele é um Dorama de comédia romântica que na maior parte do tempo é leve, centrado nos joguinhos de amor entre o casal protagonista, o prota tem um humor sarcástico que só entende quem entra com mais humor ainda na brincadeira, em meio a leveza que desperta sorrisos e expressões alegres no telespectador da comédia romântica, o Dorama acontece dando muitas sinapses para as teorias de história de vida de cada personagem e de ligação entre os protagonistas, isso torna a trama envolvente, nisso eles vão trabalhando muito bem o elemento surpresa (apesar de não usar o fator curiosidade), a cada episódio eles entrelaçam um novo elemento surpresa ao enredo principal.

Isso prende a atenção, a abordagem segura e não abusiva dos traumas sofridos pelos personagens vai ganhando momentos de profundidade, isso traz o fator reflexão que também contribui para a formação de teorias.

O drama central é vivido pela Secretária Kim, seu Vice-presidente e o irmão dele, esse fato em nada diminui os dramas particulares vivido pelas duas famílias afetadas por esse episódio traumático e os dramas além do trauma, dentro de outros contextos.

O romance e a comédia dentro dele são muito bem exploradas mas não é mamão com açúcar, é emotivo, crítico e profundo na medida certa pra uma comédia romântica.

Se você se permitir questionar a si mesmo, vai olhar para traumas maiores que você vivenciou e o que você fez com cada um deles. Olhe para Kim Mi So e seu Oppa e entenda como um trauma pode produzir um padrão de comportamento.

Não assista a Secretária Kim para relaxar, assista pra se envolver no mundo das telenovelas sul coreanas, por isso, ele é um clássico!

Os clássicos servem pra gente se ambientar, entender como funciona e criar a partir dele.