Tumgik
cronicasdacity-blog · 7 years
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A Coxinha Estragada
 Acordei tarde hoje e desobedecendo meu costume não fiz almoço, então fui á lanchonete da quadra comer um salgado. Não que eu seja do tipo que se satisfaz fácil (as "primas" da zona que o digam), mas ordinariamente não como muito no almoço, prefiro comer mais na janta, assim posso dormir de "bucho cheio" como diria seu "Maneu".  Quando cheguei havia apenas uma coxinha na estufa, e estava exuberantemente convidativa, talvez pela minha fome, ou por ser a última, o aspecto geral me agradou. Também me agradou a moça que estava atendendo, bastante simpática, bonita a bicha ó, dessas de tirar o fôlego. Aparentemente estava em treinamento, porque tinha uma senhora de mal-humor e um cigarro, inapropriadamente perto da comida, na boca, que lhe dizia tudo o que ela tinha que fazer.  Peguei a coxinha, paguei e fui andando e comendo, pouco depois da segunda mordida, quando chegamos na parte do recheio, para minha decepção o frango estava azedo e quase vomito ali mesmo. Pensei logo em ir lá reclamar mas aí achei melhor não, talvez isso custasse o emprego da moça bonita e creiam-me, nada me comove mais que uma moça bonita, talvez duas. Enfim, próximo parágrafo. Se você gosta de histórias de terror, veja nossa outra crônica Morte Acidental  Andar e comer é coisa que nos remete a reflexões e pensamentos que sentados não teríamos, caro leito, se tiveres a oportunidade faça isso e depois me conte. Ao chegar no meio da rua pensei em jogar fora logo a coxinha e comprar outra coisa, ocorre que acabou me batendo um pensamento que muitas das minhas roupas velhas serviam pra outras pessoas como novas. Talvez o que eu não conseguia comer poderia ser a única refeição de algum mendigo, que provavelmente lha pegaria do lixo.  Vi um mendigo na minha frente, não estava pedindo dinheiro, apenas comida. Achei interessante a coincidência e já ia lhe entregar a coxinha, quando me bateu outro pensamento: o de que ele poderia adoecer e morrer por causa de uma comida que eu lhe dei. Se ele pega do lixo e come e depois morre é problema dele, mas se morre por causa do que eu lhe dei, sou eu responsável pela sua morte. E se alguém na rua me visse dando a coxinha e logo depois o mendigo morre? Iam pensar que dei a coxinha com veneno pra ele morrer. No final das contas, acabei dando-lhe uma nota de dez e mandei que saísse de perto de mim porque estava fedendo.  Novamente andando com a coxinha na mão e pensamentos á mil, vi um gato magricelo na rua. Estava desnutrido o coitado e que mal poderia fazer uma porcaria a mais que ele comesse? Além do que ninguém me acusaria de matar um gato de rua, ou ao menos não seria preso por isso. Decidi que daria pro gato o salgado. Novamente, infelizmente, refleti mais um pouco e vi que nem mesmo os animais de rua deveriam comer coisas estragadas e que, se aquela seria sua primeira refeição em dias, achei que o certo seria que fosse uma boa refeição. Entrei num comércio perto da rua comprei-lhe alguns petiscos próprios para gatos e um copo de leite.  Continuei minha jornada, eu, meus pensamentos, e a coxinha estragada. Em alguns momentos pensei até que ela já estava falando comigo, tentando me explicar algo que eu não havia compreendido ainda. Não sou de dar muito papo para salgados, sobretudo os estragados, mas que mal faria? Decidi olhar mais atentamente para ela e só então percebi, que havia gueiroba na danada, daí o gosto azedo. Tirei o palmito amargo da coxinha e comia-a com bastante satisfação.      Você também deve seguir o Crônicas da Cidade nas redes sociais.  TWITTER FACEBOOK PODCAST G+
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cronicasdacity-blog · 7 years
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À Aquilo que não fiz
         Aí me vêm á cabeça, milhares de arrependimentos, de escolhas mal feitas, lutas perdidas, batalhas não enfrentadas. A culpa pelos erros cometidos é angustiante, mas pior é a sensação de não ter vivido. Talvez algum religioso, possa dizer que o “céu” deva ser construído aqui na Terra e que as “escadarias para o paraíso” são feitas diariamente.  Não lhes tiro sua razão, e ainda lhes dou a minha. Afigura-se, infelizmente o uso da palavra me é um cacoete invencível, então irei utilizar esta mesmo, e que o leitor não se aporrinhe pela frase desnecessária que acabou de ler. Afigura-se, que arrepender-se de algo que fizemos é um traço comum a todos, por mais celibatários que possamos ser, e aqui me refiro ao sentido de regrar-se não apenas de modo sexual. 
       Por mais íntegros e retos que consigamos ser, sempre vai haver aquele grão de culpa ou remorso por algo que você fez.Procura em tua cachola desmemoriado leitor, algum arrependimento que cometeste algum pecado ou erro que, se tivesse a oportunidade não teria feito daquela forma. Alguma coisa deve ter lhe passado na cabeça, pois bem. Essas coisas, por mais terríveis que possam ter sido, por mais deploráveis moralmente, são parte daquilo que você é ou foi ou estava predestinado a ser. Se o ato que você praticou, o fez por livre e espontânea vontade, ainda que tenha te dado consequências ruins ou inesperadas (que às vezes podem ser boas), a ação por ti praticada é tua, é algo da tua vivência, algo que você deverá prestar contas, caso o bendito juízo final chegue. Aliás, o que estão fazendo nossos administradores celestiais que não mandam logo o apocalipse começar? É bom, tem quem diga que já começou e nós estamos tão alienados que não vemos, mas deixemos as teorias de lado e vamos a conclusão desse imbróglio narrativo, que se já não enfadei o leitor, vai achar no fim o mesmo que achou no começo. 
     Alonguei-me no texto para dar prova do que escrevi. Melhor arrepender-se do feito (mal feito) do que do não feito. Melhor será meu pobre e desenganado amigo, prestar contas dos teus atos inglórios, que das tuas faltas sábias. Melhor pecar pelo excesso que pela omissão. Posso passar o dia a citar provérbios populares que asseguram o que estou a dizer. Mas que sabem os ditos populares? Nada, mas novamente, há um que diz que o sábio aprende pelo erro dos outros, o médio pelos próprios erros e o burro, ainda que erre, permanece sem aprender nada. Creio que não existam sábios nesse mundo. Ainda que a frase venha a calhar e faça todo o sentido, a sensação que a experiência traz é única e extasiante. Dar de cara com o muro apenas para poder se curar do baque depois. Sentir a inefável dor de um amor não correspondido, sabendo assim como é não corresponder ao amor de outra pessoa.         
   Creiam amigas, amigos, e inimigos de ambos os sexos. O ser humano é um ser de experiências. Nada que você lê, ouve ou presencia é tão poderoso quanto a própria experiência pessoal. Os sentidos, a bagagem do know-how, a perícia, o treino, a prática, o conhecimento. Ensaio, tentativa e erro, a prova o teste, a tese, o saber, o traquejo ou a tarimba, que segundo mestre Aurélio significa “preparação ou conhecimento decorrentes de larga experiência em alguma área ou função”.  Daí a expressão “já estou tarimbado”. Mas que dizia? Não te lembras? Deixaste o texto para ler a mensagem do seu grupo no whats? Pacato e desatencioso leitor, dizia eu: que terminaria o texto com o mesmo que o senhor viu no começo, neste caso a letra A. Mas vou ignorar a regra gramatical e não colocar o ponto, porque iniciei sem ponto e assim termino. A
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