Tumgik
bananda · 4 months
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Eu não devia te dizer
Mas essa lua
Mas essa maconha
Botam a gente comovido como o diabo
Meu primo distante que vá me dando a licença poética, me empresta aqui seus versos que eu preciso começar uma carta de amor.
Eu estou inundada dele. Passei a noite olhando pro céu, ouvindo nossa playlist e chorando como a cadela agradecida que sou. Eu estou feliz, cercada de pessoas que me amam. Estou plena. Se meu marcador de amor tivesse um mostrador ele estaria pronto para ultar a qualquer momento.
Então é assim que você se sente o tempo todo? Tão cheio de amor que você tem vontade de compartilhar o tempo todo? Que ser abençoado é você. Que sortuda eu sou por ter você em minha vida. Você é a pessoa mais generosa que eu já conheci na minha vida. Você só dá, sem pedir nada em troca. Eu me sinto tão egoísta por aceitar tudo e dar tão pouco.
A nossa playlist só tem eu. Parte porque em uma das nossas idas e vindas eu te impossibilitei de contribuir com ela, parte porque você está perfeitamente contente em sentar no banco do carona e deixar que eu decida a nossa narrativa: você só está feliz em fazer parte dela. E eu só tenho a te agradecer por isso.
Aquele emaranhado de músicas aparentemente aleatórias conta nossa história e, como a gente, não segue nenhuma lógica. Não era pra gente existir, marcio eduardo. Que tipo de gerador de improbabilidade infinita permite que a gente exista? Eu não consigo parar de pensar que é desse tipo de amor que são feitas as histórias, as canções, os poemas. Os felizes para sempre.
Eu quero ser feliz para sempre com você, e você me ensinou que só existe o aqui e o agora. Então já somos felizes para sempre, porque aqui, agora, eu te amo tanto que poderia viver para sempre.
Não sei como terminar isso. No meu rascunho mental, tinha uma piada sobre a sua generosidade fazer com que voce seja a personificação do radical comum da palavra comunismo e comunidade, mas ela da muitos rodopios mentais para funcionar. E tinha também um convite: eu queria te convidar para escrever comigo no ano que vem. Eu queria explorar mais a escrita criativa e acho que posso te dar algumas dicas aplicáveis e acho que a gente consegue construir uma coisa legal juntos. Minha cabeça tá doendo de tanto chorar de amor. Te amo.
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bananda · 6 months
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Debaixo dos caracóis
Você ressona ao meu lado nesse exato momento e cada batida do meu coração machuca como uma bala. Ele tem a força de um projétil de alto calibre porque está repleto de amor. Eu te amo, eu te amo, eu te amo tanto que lágrimas me vêm aos olhos cada vez que eu tento entender o que é isso que estamos vivendo.
Antes de você dormir nós choramos juntos o fim iminente desse amor. Ele tem um prazo de validade dúbio, como o seu café de nano torrefação. E essa incerteza de até quando ele será próprio para o consumo talvez nos esteja fazendo consumir veneno sem perceber.
Mais cedo eu enchia seu rosto de beijos e esse momento, emoldurado pelos cachos do meu cabelo ao nosso redor, era como se não houvesse nada nem ninguém no mundo além de nós dois, e eu gostaria de engarrafar o que senti nesse momento porque não precisaria mais de antidepressivo se pudesse morar nele para sempre.
Você é meu refúgio, literalmente. É para quem eu corro quando tá tudo ruim, é o teto que me abriga quando eu não me sinto em casa porque estou sem lar. Eu estou sem lar desde o ano passado, vivendo em um estado constante de transição, buscando terra firme pra me ancorar, e você parece ser terra tão firme, meu virginiano contraditório. Eu te amo.
Outro dia eu estava reclamando de alguma das milhares de coisas na minha vida que são ruins e você murmurou, sonolento, na sua entonação de canequinha chupa cu, que eu ia conseguir fazer o que precisava ser feito, que eu era forte e ia superar, e eu chorei baixinho escondida depois que você pegou no sono porque eu estou tão cansada de fazer o que precisa ser feito, de ser forte e de superar. Eu não aguento mais. Eu quero ser fraca, quero não precisar dar conta, quero que alguém faça por mim, se preocupe por mim, se esforce por mim.
E você faz isso, você tenta fazer isso, você gosta de ocupar esse lugar central, de ser um porto seguro. O problema é que nem mesmo as águas tranquilas do Caribe estão imunes a tempestades e nenhuma embarcação está a salvo, nem mesmo nos lugares mais paradisíacos.
“É estranho ter alguém que se importa comigo” você diz casualmente, como se tivesse sido negligenciado emocionalmente sua vida inteira. E eu quero gritar que eu me importo, eu faria qualquer coisa pra te deixar feliz, eu quero ser o que faz você querer voltar pra casa, eu quero te amar incondicionalmente, eu tenho tanto amor pra te dar quanto você tem pra receber e ele é seu, só seu, sem você esse amor não existe. É o livre mercado dos sentimentos, oferta e demanda, é como leite materno que muda de acordo com a necessidade e para de ser fabricado quando não há mais estímulo ou necessidade dele.
Mas eu não grito, porque eu preciso fazer esse amor todo caber no espacinho dessa marina onde eu paro meu barquinho, torcendo pra tempestade não chegar nunca.
Eu fico tão feliz aqui, ancorada a você, te ouvindo ressonar e lembrando do seu sorriso debaixo dos caracóis dos meus cabelos. Uma história pra contar de um mundo tão distante, onde tem só você e eu, onde a gente vai se amar pra sempre e o mundo lá fora não existe.
Só existe o aqui e o agora. E aqui, agora, é só estender a mão que você está lá.
Só por hoje, isso basta.
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bananda · 7 months
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Espaços escuros e apertados
São 3 da manhã e eu estou saindo do chuveiro onde entrei pra tentar não me machucar. Foi uma técnica que meu último psicólogo sugeriu quando os ataques de pânico estavam ficando cada vez mais fortes: entra na água gelada. Eu sempre tento entrar na água gelada, mas sou covarde e acabo colocando na temperatura máxima, escaldante, mesmo em um dia quente o suficiente para alarmar cientistas quanto hoje.
Geralmente eu fico lá por 10 minutos chorando sem parar, apavorada com alguém me ver soluçando no chuveiro no meio da madrugada. Deve ser uma cena no mínimo inusitada.
Eu estou em pânico, nesse exato momento, por não ser uma boa mãe. Tenho adotado alguns padrões de comportamento com meu filho que são horríveis e tóxicos e eu simplesmente não consigo evitar. Sinto que eu já fui a melhor mãe que poderia ser na época que ele era pequeno demais pra lembrar e agora eu apenas faço o que dá. E eu odeio ser medíocre. Eu quero ser a melhor mãe do mundo porque ele merece a melhor mãe do mundo, mas em vez disso eu o coloco sempre em segundo plano, ataco suas inseguranças, gasto meu dinheiro e minha energia com tudo, menos com ele.
Você é um desses tudos. Nos últimos meses você ocupou papel central na minha vida. Eu ajustei horários pra te encontrar, deixei ele sozinho repetidas vezes, afrouxei ainda mais o vínculo já tão fragilizado com a chegada da adolescência, tudo isso porque sou uma dependente emocional disfuncional. Sinto que estou repetindo exatamente os mesmos erros da minha mãe, sinto que estou colocando meu filho exatamente nas mesmas situações de invalidação e abandono nas quais eu fui colocada e que talvez tenham me feito ser quem eu sou hoje.
Quando eu tinha 11 anos, minha mãe mandou a gente morar com meu pai porque sua vida estava uma bagunça, financeira e emocionalmente. Ela tinha acabado de sair de um relacionamento abusivo onde o cara bebia e batia nela na nossa frente. Minha mãe era um mulherão de 1,80, médica, forte e em pó de rã da para todos os efeitos, mas isso aconteceu com ela mesmo assim. Ela tinha a minha idade atual nessa época, então eu entendo perfeitamente que ela não tenha dado conta de 2 filhas adolescentes no seu processo de cura. Naquele momento, depois de 4 anos da separação dos dois, nos quais uns 3 ele passou praticamente desaparecido, meu pai parecia a alternativa mais sensata para cuidar da gente.
Mas não era. Ele morava com meus avós e dormia em um quarto pequeno no andar de cima da casa, onde tinha uma cama de solteiro com uma bicama, um guarda roupa minúsculo, uma mesa e muitos, muitos livros. A gente, minha irmã e eu, não cabia ali. Fisicamente, que digo. Não tinha como nós 3 dormirmos naquele quarto, nossas coisas ficavam amontoadas ou espalhadas por outros cômodos da casa. Eu voltei a fazer xixi na cama nessa época. 11 anos de idade. Aprendi a andar de ônibus sozinha porque aproveitava toda oportunidade que tinha pra fugir da casa dos meus avós e ir pra quitinete que minha mãe alugava no centro da cidade e estava sempre vazia porque ela estava sempre trabalhando. Acho que foi ali que eu aprendi a gostar de ficar sozinha.
Naquela época eu já precisava caber em lugares pequenos demais para mim. O quartinho do meu pai, abafado, calorento e cheirando a mijo era apenas uma metáfora para o lugar que eu ocupava na vida dele, e parece que sigo ocupando até hoje. Ter voltado pra Goiânia foi minha última tentativa de tentar cavar um buraco que nunca pareceu existir de verdade.
Eu passei a vida implorando por espaço, tentando caber em algum lugar, sendo, ao mesmo tempo, a parte que sobra e a parte que falta.
E agora estou aqui de novo. Implorando por espaço, implorando por atenção, uma eterna menininha com sentimentos de abandono tão enraizados que talvez sejam irremovíveis, talvez sejam meu alicerce.
Você é todo quebrado e cheio de buracos e eu estou tentando caber neles. Isso se chama codependência: eu quero que você se sinta preenchido por mim e eu quero, finalmente, sentir que pertenço.
Que tem espaço pra mim.
Mas não tem, Marcio Eduardo. Só tem um espaço pequeno demais, como um quartinho de solteiro onde precisam caber muitas pessoas e coisas e ninguém nunca vai ficar inteiramente confortável. E eu poderia aceitar, poderia achar o equivalente emocional da quitinete do centro, mas a verdade é que eu nunca gostei de nenhuma das situações.
Eu quero uma casa, um quarto, uma cama só pra mim. Eu quero quintal. Eu quero pertencer genuinamente, quero ser morada e ter lar. Você já tem isso tudo, e não sou eu.
You can’t make homes out of human beings, diz meu poema favorito, como um conselho de amiga. Para mulheres que são difíceis de amar.
E eu sou impossível.
Você quer ser a rocha estável mas eu já te desgastei tanto que você virou areia movediça. Dizem que se você ficar imóvel na areia movediça, você não afunda. Ela se comporta como um líquido não-newtoniano, que muda do estado líquido para o sólido de acordo com a pressão aplicada. Se você tentar tirar a perna de uma só vez, em um só movimento rápido, ela te prende como concreto. Se você tentar se mexer aos poucos, ela liquefaz, te levando para o fundo. É uma armadilha, a areia movediça. Quanto tempo será que eu consigo ficar parada aqui antes de afundar de vez?
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bananda · 8 months
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Pequenos infartos
Acho que dessa vez é adeus para sempre. Eu sei, você sabe, meus amigos sabem, o Twitter sabe, o Reddit sabe, o Spotify sabe, o Telegram sabe, e agora o Tumblr, meu segredo pra você, minhas cartas de amor ridículas como cartas de amor devem ser, também sabe.
Eu fico procurando sinais. Devo ter olhado todos os perfis relacionados a você hoje mais de mil vezes. Essa parte do transtorno é difícil, eu fico obsessiva, compulsiva, não consigo prestar atenção em mais nada, absolutamente tudo é um gatilho.
Fui no Oxxo comprar coca, olhei pras mesas nas quais você me esperava, projetando você ali sentado, devastado, o dia inteiro me esperando aparecer. Antes disso tinha te procurado no canteiro, na rua, na esquina, replicando o comportamento obsessivo com o qual eu preciso ser tratada. O som do elevador acelera meu coração porque eu lembro de nós dois ali naquele espacinho, trocando beijos ou apenas abraçados, sentindo a presença um do outro por aqueles segundos onde não havia nada nem ninguém, apenas nós dois, até o barulho daquela máquina velha caindo aos pedaços nos trazer de volta para o presente.
Eu disse que você me dava presença, me trazia para o presente, mas a verdade é que você me tirava dele, quando ele estava tão insuportável e escuro, respirar com você me tirava de um mundo horrível por uns momentos. Mas o mundo é horrível, Marcio Eduardo, e nós somos pessoas horríveis nesse mundo.
Algumas pessoas acham que você se aproveitou de mim. Ouvi esse termo de conhecidos e estranhos quando contei meu lado da história. Lembra que eu te falei que era ótima em me tornar a vítima de qualquer narrativa? O problema é que eu estou começando a acreditar. Isso é autogaslighting? Eu não sei como processar isso tudo. Eu não acho que tenha sido uma vitima nessa história, mas acho que você foi um tremendo de um cuzão covarde, como tudo na vida.
Eu escrevi uma mensagem bem dura pra você e cheguei a enviar, mas você nunca sequer recebeu. Eu estava tentando fazer um showzinho pra deixar pra te bloquear de novo assim que você aparecesse on-line, mas você não apareceu em nenhum momento. Pelo menos não nos próximos 5 minutos que foi o tempo que minha ansiedade aguentou pensando: porque ele não está on-line? Ele recebeu a notificação e escolheu ignorar? Ele desligou minhas notificações? Ele está completamente off-line porque resolveu se reconectar com a esposa e esquecer que eu estive na vida dele? E isso me levou a abrir seu Instagram, o dela, o da sua cunhada, o seu Twitter, em um ciclo vicioso de ansiedade obsessiva.
Eu pensei em fazer uma engenharia social para conhecer seu irmão. Ia fazer ele se apaixonar por mim, me pedir em namoro, me apresentar pra sua mãe e pro seu pai e pra todo mundo, te deixando por último. Passei alguns minutos nessa fantasia psicótica como uma pessoa desregulada com muito grind em séries adolescentes - ou seja, eu mesma.
Você diz que é sempre atraído por malucas e deu pra ver em um dos mergulhos que fiz em todo seu histórico no Twitter o quanto você tentou se aproximar da Mayka (sei lá o nome dela), ou de qualquer garota levemente perturbada que desse abertura. Você diz que me viu triste e queria alegrar meu dia, há quem diga que você me viu vulnerável e exposta e se aproveitou dessa situação. O que você tem a ganhar com isso, eu não sei, mas você diz, e eu acredito, que não há culpa nem culpados.
Isso não é autogaslighting, é gaslighting mesmo, é papo de guru, e eu não sei se você cai porque realmente acredita ou se é porque te é conveniente. As duas coisas não são mutualmente excludentes.
Eu peguei o celular pra escrever sobre como meu coração para cada vez que ele vibra porque eu fico achando que vai chegar um e-mail seu dizendo que me ama e quer ficar comigo. Cartas de amor são ridículas, essa não seria diferente. Eu também abro o app do banco de forma incessante procurando uma mensagem sua em um Pix de 1 centavo. Te bloqueei em tudo, te excluí da playlist, mas fico esperando você criar outra de desculpas e me adicionar, ou comprar um chip novo só pra me mandar mensagem. Eu já mapeei tudo pra você, você só precisa seguir.
“Não tem como ser melhor do que o que você cria na sua cabeça” fica ecoando aqui dentro, uma amálgama das vozes de todos os meus ex e de flashes dos rostos de todos os homens que já estiveram no seu lugar. Aposto que isso deve passar pela sua também. Você acha que foi responsável, você acha que me avisou que se eu fugir você me deixa ir, sua responsabilidade afetiva foi cumprida, mas você também caiu em todas as arapucas que eu deixei pelo caminho, de forma intencional ou não.
Eu consigo tabular todas as nossas brigas e lembrar tudo o que você fez para encerrá-las, e você não está fazendo nada dessa vez e isso está me corroendo por dentro como um veneno que eu mesma injetei. Eu subi o sarrafo de uma corrida que você expressou verbalmente que não queria participar e estou frustrada porque você não está nem tentando.
Eu não sei por quanto tempo vou ficar vendo seu fantasma na minha galeria de fotos, na minha padaria favorita, no ponto de ônibus, no metrô. Taylor cantou que dizer adeus é como morrer por mil cortes eu digo que são mil mortes, sinto meu coração paralisado com a expectativa de que você seja diferente, de que eu não tenha alucinado todo esse amor sozinha de novo.
Meu tempo, minha droga, meu espírito, minha confiança, Taylor canta que é difícil achar uma parte dela que aquele amor não tenha tomado, assim, essa escolha tão possessiva para se referir ao amor. Se não fosse assim, não doeria tanto deixar um deles ir. E talvez minha raiva esteja primariamente motivada por isso, porque você está pronto para me deixar ir, sempre esteve. O amor pra você não é uma luta, uma batalha a ser ganha. Você não é um guerreiro em um cavalo branco, um paladino de uma deusa. E você estar pronto para me deixar ir me apavora, sempre me apavorou.
Mais um e-mail e mais um infarto. Em vão, não é você. Sinto que já estou escrevendo esse texto há tempo demais e preciso verificar seus perfis de novo. Não sei o que vai ser pior: encontrar um sinal de que você está feliz com a sua esposa, encontrar um sinal de que você me quer de volta, ou não encontrar nada. Eu odeio cada pedaço do meu cérebro e de tudo que ele toca. Você prometeu que não ia doer.
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bananda · 10 months
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Tu nem existe, po
fêr.NÃN.da você diz, com um sotaque tão caracteristicamente (porém não caricaturalmente) paulistano, e eu sorrio imediatamente com a doçura do meu nome na sua boca.
eu não gosto dele, principalmente quando dito assim em sua inteireza com todas as sílabas. quem tem um nome com 3 delas sabe que a pronúncia completa indica pouca intimidade ou pior: bronca. “fernanda” só era dito por mamãe quando o caldo tava entornando e gato escaldado tem medo de água fria.
o que eu quero dizer é que você pega traumas que eu nem entendo muito bem e transforma em sorrisos. quem deixou você ressignificar minha vida?
Shakespeare diz que um nome não é nada, se uma rosa tivesse qualquer outro nome seu aroma permaneceria doce, já a Le Guin diz que nomes são soberanos e que descobrir o nome real de alguém te dá poder absoluto sobre a criatura.
será que você descobriu meu nome real? será que leu no meu corpo, em alguma parte que eu nunca consegui alcançar? será que te deixei vislumbrar um pedaço de mim que eu estava escondendo, ou será que, como a uma tirinha da Laerte, você olhou pra essa bagunça que constitui meu eu e interpretou como quis?
ou será que é meu tesão de égua que coloca um emoji de brilhinho em tudo o que você faz?
na minha fanfic favorita atualmente (capítulo 72 e contando), a fazendeira passa um tempo em um triângulo amoroso entre Harvey e Shane. a autora é uma mulher neuroatipica de 30ealguns anos, é por isso que eu gosto tanto da história dela, eu e minha mania de ler o mundo a partir da perspectiva do meu umbigo. é um videogame e eu fico pensando “como eu poderia tornar isso sobre mim?”
não precisei, ela o fez. na história, o Harvey é, supostamente, um partidão. o homem perfeito. ele é bonito, alto, atencioso, inteligente, rico e usa seus conhecimentos em medicina para ser um dom BDSM em cenas responsáveis por gastar muita pilha do meu sugador. ele envolve a fazendeira em cobertas e beijos logo depois de enfiar um plugue anal e enforca-la até quase desmaiar, não sabemos se as estrelas que ela vê são orgasmos cósmicos ou a perda da consciência e eu acho isso lindo.
mas ela escolhe o Shane. imperfeito, falho, cheio de angústias, tão bom de cama quanto um depressivo alcoólatra em recuperação poderia ser (mas é uma fanfic então ele ainda é um dínamo sexual). por ser quebrado, o Shane consegue entender e acolher as partes escuras e feias da fazendeira e amá-la toda, incondicionalmente.
certa feita eu te disse que te faltava letramento midiático de obras feitas por e para mulheres. quando você me diz que existem homens melhores por aí, isso vem à tona. você estudou tanta anatomia, fisiologia, energia, magia, que parece que esqueceu que pessoas não são teorias e mulheres são muito mais simples do que parecem.
quem passou a vida olhando para si de fora tende a se ver diminuto. quanto mais de longe a gente observa, menor fica o objeto observado. e você tem essa lógica exterior, comparativa, autodepreciativa, se olhando à distância com medo das partes escuras que você sabe que estão lá. dá pra vê-las tão claramente, como quem observa a lua de um telescópio escolar. o que tem nas suas crateras, marcio eduardo? será que é algum elemento químico não descoberto que vai curar o câncer ou causar a destruição da raça humana? ou será que é só poeira estelar? a graça está nas possibilidades, não na realidade. e qualquer uma delas é fascinante.
“a gente aceita o amor que acha que merece” - diz a manic pixie dream girl em um livro clichê. se você soubesse o que eu já aceitei antes de você aparecer, se veria majestoso. o suficiente para saciar seu complexo de herói sabe-se lá por quanto tempo. parece que caminhei por anos em um deserto emocional, sorvendo desesperada qualquer gota de água misturada a grãos de areia, furando os dedos em cactos em busca de qualquer umidade. agora cheguei a um oásis.
quando eu era pequena, confundia muito o conceito de oásis com miragem. aquela coisa do imaginário coletivo: a pessoa perdida no deserto encontra sombra e água fresca, frutas dadas na boca por mulheres sexualizadas em signos de orientalismo, apenas para descobrir que se trata de uma ilusão causada pelo calor e desidratação. esses conceitos eram intercambiáveis na minha cabecinha dodói desde a mais tenra idade: todo oásis era uma miragem e toda miragem se pareceria com um oásis.
na teoria, hoje eu sei a diferença conceitual. na prática, continuo achando que a qualquer momento vou descobrir que sigo sedenta, virando um cantil vazio, ou pior: cheio de areia quente e escorpiões.
enquanto isso não acontece, aproveito a doçura do meu nome nos seus lábios, como tâmaras inexistentes servidas em prataria ornamentada, como se você tivesse saído diretamente do meu cérebro desidratado para deixar minha morte iminente menos dolorosa. que triste seria morrer sem vislumbrar possibilidades de vida. que triste seria viver sem vislumbrar possibilidades de amor.
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bananda · 10 months
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Escravoceta
Eu não tava bem. Não consigo me lembrar da última vez que estive bem, mas estava particularmente mal. Dia difícil, vinho ruim, um vazio no peito e, tal e qual o jumento dos Saltimbancos, aquela solidão, aquela humilhação que nem sei.
Eu estava pronta para receber toda e qualquer migalha de atenção, mas com o engajamento do Twitter cada vez menor, elas estavam mais e mais escassas.
Esse desespero por uma serotonina exógena me fez descer ao porão da internet e lá encontrei você. Eu odeio abrir caixinha de pergunta porque sempre tenho a impressão de que vai flopar, e quando não flopa, comentários quase misóginos me fazem querer parar de existir na internet.
Os seus me deixaram de coração quentinho. Ou foi o vinho.
Os desígnios do destino se uniram ao desejo incontrolável por ser vista, navegando entre abas encontrei você. Ali, perdido entre convites para grupos sinistros, spam e pessoas me oferecendo tarja preta, uma mensagem recém-enviada que chegou inconspícua, sem notificação nem nada, um convite e uma promessa tão desajeitados que pareciam mais uma oferta de venda de drogas.
“Não sou o Caio Castro” você disse. Fiquei confusa: meu dealer cobra inclusive o frete. “Eu tô com fogo no rabo e pelo visto você também”. Estava sim, mas tinha um motivo.
Eu estava em fase de mania. Não preciso explicar o que é, basta saber que não controlo muito bem minhas ações nem tomo as melhores decisões.
Mais cedo naquela semana, brincando de NGL com um mutual, acabei marcando um encontro com ele. O assunto não estava fluindo muito bem, eu estava apavorada com a ideia de sair com alguém que poderia falar mal de mim se fosse ruim. Eu queria muito impressionar o moço com minha beleza, minhas skills sexuais, minha inteligência. Estava me sentindo irresistível com os óculos da mania, mas sabia que estava enferrujada e precisava treinar com alguém inofensivo, como um boneco de treino no tutorial de qualquer jogo. Reaprender a sequência de botões a serem apertados sem correr risco de levar dano.
O moço dava corda, flertava comigo abertamente. Um flerte público de alguém tão cobiçado era tudo que a mania precisava para começar a criar cenários e fantasias. Ele disse: estou saindo de um relacionamento longo e monogâmico, não estou pronto nem tenho interesse em nada sério. O coitado estava com o pé torcido, numa situação bosta em casa, arcando com todas as dores de uma separação custosa e dolorida. Isso só fez com que a mania entendesse tudo como um desafio. Meu único objetivo naquele final de semana era fazer o moço se apaixonar perdidamente por mim, minha buceta seria a cura de sua alma transtornada, meu peito um acalanto. Reconheci todos os traços de uma obsessão borderline se formando, e isso me tornava cada vez mais segura em relação a você. Eu não sabia seu nome, nem precisava. Você seria uma casualidade de guerra na batalha pelas afeições do moço divorciado.
Esse distanciamento era essencial: minha última transa tinha sido péssima. Eu estava no auge de uma crise depressiva, tomando uns 4 remédios diferentes, me sentindo mal com meu corpo e com a minha vida de uma maneira geral. Tinha um colega de trabalho com o qual trocava alguns nudes eventualmente, ele adorava me mandar vídeos batendo punheta. Uma vez trabalhamos até mais tarde e eu propus que a gente transasse ali mesmo, no banheiro do escritório. Ele arregou. Tinha medo de ser demitido, eu ansiava por isso. Na pandemia, insistiu até que eu topasse furar a quarentena pra recebê-lo em casa um dia. Ele era crente e havia se separado há pouco menos de 1 ano. Eu era a terceira mulher com quem ele dormia, a primeira depois da ex-esposa, com quem tinha 2 filhos relativamente pequenos. Eu deletei completamente a experiência da minha cabeça porque dissociei o tempo todo, acredito que foi meu cérebro me protegendo da péssima experiência. Eu não tinha lubrificação, os remédios não permitiam. Mesmo sem os remédios: ele beijava mal e o que chamava de preliminar eram 2 minutos enfiando o dedo em mim enquanto empurrava minha cabeça em direção ao próprio pênis. Eu não sou difícil de acender, passo 90% do tempo pronta pra levar pirocada, mas ele ganhou um troféu raro de 10%. Ele ainda tentou voltar algumas vezes, eu fui passar uns meses em Maceió pra não precisar inventar tantas desculpas (e porque estava deliciosamente viciada em rivotril e precisava de supervisão constante).
Não é exatamente uma surpresa que eu tenha entrado em total celibato depois disso. Depois de algumas experiências virtuais frustradas (teve um cara lá em Maceió que gozou no próprio olho enquanto batia punheta em uma videochamada comigo, ficou tão envergonhado que me recusou quando fui bater na porta da casa dele), me deixei levar pela depressão e decidi que no Brasil não haviam homens para mim. Talvez mulheres, mas eu não tinha coragem de falar com elas. Seu medo de mulheres é perfeitamente justificável.
Foram quase 3 anos com alguns flertes leves e muitas pilhas AAA no sugador, melhor compra que fiz na pandemia. Mas eu estava preguiçosa, gozar era conveniente e procedural. Havia anos que eu não precisava me preocupar com dar prazer a outra pessoa, ainda mais alguém com o qual meu transtorno fazia acreditar que era uma pessoa Muito Importante. A proximidade do momento começava a me desesperar, até que você me ofereceu brownies mágicos e uma massagem tântrica.
“Eu morro de vontade de te abraçar quentinho e te massagear o corpo todo pra você ter uma noite restauradora de sono profundo”, você disse, anonimamente. E eu chorei, porque ninguém nunca tinha me oferecido algo tão altruísta assim. E porque eu tinha secado 2 garrafas do pior vinho que já bebi na vida em um espaço de 2 horas.
Você também era novinho demais, se surpreendeu com a minha idade. Ansioso demais, com medo de me desagradar. Transparente demais, respondendo as minhas insanidades na mesma moeda. Eu não tinha nada a perder (exceto minha própria vida indo encontrar um estranho do Twitter no que o Uber dizia ser Taboão da Serra e não Campo Limpo). A mania jurava que era uma excelente ideia, mesmo depois do vinho ir todo embora privada abaixo às 6h da manhã. Abraçada na louça fria, desejando que a morte me levasse, tremendo e suando frio, eu achei que meu corpo fosse ditar a sensatez que o momento pedia, mas algumas horinhas de sono depois mostraram que nada é tão restaurador quanto um cérebro neurodivergente com uma ideia clara. Um franguinho do Montana e uma coquinha eram tudo que eu precisava pra encarar essa jornada rumo à redescoberta da minha sexualidade outrora tão poderosa e dominante.
Além do mais, eu tinha todas as cartas na mão. E, para todos os efeitos, estava indo lá receber uma massagem e ficar chapada. Não devia nada a você nem a mim mesma. Se fosse ruim - e eu tinha certeza de que seria - era parte do jogo. Eu não voltaria a brilhar em campo no primeiro jogo depois de 3 anos no banco de reservas. Responsabilidade afetiva não estava em jogo: você era um estranho do Twitter e meu coração pertencia ao escritor famosinho e angustiado, ou assim eu achava.
Botei uma lingerie que comprei num surto consumista em 2020 e nunca tive a chance de usar. A mania me fez acreditar que eu ficaria gostosa, embora todas as vezes que eu experimentasse ou tentasse tirar uma foto sensual com ela, me sentisse ridícula. Naquele dia não, eu exalava sensualidade por todos os poros. Aposto que você nem lembra qual era o conjunto, mas eu sei exatamente porque o lavei assim que cheguei da sua casa para usar com o moço escritor.
Aproveitei que precisaria fazer isso no dia seguinte e dei um tapa no visual: depilei algumas partes, aparei outras, arranquei sangue da virilha, distraída. “Até amanhã cura”, pensei, sem me preocupar o que você acharia. Também não fui muito cuidadosa na depilação, fiquei com preguiça na metade e só percebi quando já estava no banho. Azar o seu, só me preocuparia com isso no outro dia. Estava macia, hidratada, perfumada e maquiada, já era mais do que você tinha encomendado.
No metrô, sentia que todos os homens me olhavam. Talvez porque a blusa que escolhi deixa o sutiã à mostra com o mais sutil dos movimentos, mas eu tinha certeza de que eram feromônios exalados por uma mulher forte e empoderada que estava em busca da retomada de sua sexualidade. Eu realmente me sentia poderosa indo até sua casa para uma rapidinha com hora de acabar. Mesmo que a trepada fosse ruim, eu ia ganhar uma massagem de graça e sair de lá chapada, o prognóstico era positivo de qualquer ângulo que eu avaliasse (menos o que eu seria drogada e estuprada ou assassinada, mas essa preocupação deixei na mão de algumas amigas).
Aí eu cheguei, já querendo te beijar na porta da sua casa, sem saber que era onde você morava com a sua esposa e que seus vizinhos - inclusive sua família - poderiam estranhar. Não queria dar espaço para conversas desconfortáveis e acabar descobrindo que você era cringe, o que me faria desistir de dar pra você, ou pior: eu daria, mas seria péssimo.
Meu córtex pré-frontal estava comprometido pela mania mas nada me faria gostar de transar com alguém bizarro. E devo confessar que você correu alguns riscos (isso porque eu nem sabia que você era místico). Eu tinha lido seu Twitter, seus contos, estava compartimentalizando essa parte da sua personalidade porque você parecia ser só mais um homem branco hétero tentando ser engraçado e polêmico na internet. Eu não precisava lidar com isso pra receber uma massagem de alguém que eu provavelmente bloquearia em alguns dias e nunca veria novamente.
Sua casa era o retrato de alguém que havia corrido pra deixá-la minimamente apresentável em um curto espaço de tempo, eu sei porque a minha vivia assim quando eu morava sozinha. Acho que você não estava acreditando que eu iria até eu bater na sua porta. A vassoura e o rodo encostados no corredor, como se você tivesse desistido de usá-los nos outros cômodos além do banheiro. Coisas empilhadas, um feijão de molho, nada de velas ou incensos ou sequer um aromatizador.
Além do material de limpeza aparente, as camisinhas, um bullet e lubrificante eram os únicos indícios de que você estava, de fato, me esperando. Tirei a roupa e deitei como se estivesse em um atendimento de massoterapia, contei com a lingerie para fazer às vezes de sedução. Você repetia incessantemente o quanto eu era bonita e gostosa, eu ria internamente. E, curiosamente, acreditava em você. Não eu: a mania. Suas mãos geladas e trêmulas começaram a passar pelo meu corpo e eu estava achando aquilo muito cênico. Você respirava fundo, levando tudo muito a sério, e eu não sabia como lidar. Então você queria mesmo me massagear? Não era uma desculpa para tirar a minha roupa e passar a rola em mim?
Não sei se te contei isso, mas adoro vídeos pornôs de massagem. É uma das minhas categorias favoritas, o Pornhub já até sabe. Eu fantasiava com isso, mas sempre tive amantes egoístas. Mesmo quando fiz o curso de massagem, tentava praticar no meu ex, mas nunca conseguia emular a sensualidade necessária - e era particularmente difícil porque ele tinha zero interesse sexual em mim. Mas tem algo de extremamente sensual nos vídeos, as mulheres nuas ou com toalhas pudicas, à mercê de alguém que pode ou não estar de pau duro (sempre estão), cobertas de óleo, prontas pra levar pirocada em qualquer orifício, cada centímetro do corpo delas estimulado e receptivo.
E foi ai que você errou. Cadê o óleo? Não tinha nem um hidratante velho da sua esposa para lubrificar a fricção das suas mãos? Será que massagem tântrica não tinha óleo? O Pornhub mentiu pra mim? Será que você não queria sujar seu lençol, estragar seu colchão? Eu tentava abrir minha mente, ficar mais receptiva, mas o brownie demorava a bater e você colocou uma playlist genérica de massagem, meu cérebro analítico de ressaca não conseguia desligar.
Aí você gozou a primeira vez. Quer dizer, eu acho que foi a primeira vez. Talvez você tenha gozado na sala, enquanto a gente se beijava, mas eu não entendi muito bem. Você tinha ejaculado massageando a minha batata da perna? Não parecia, mas sua linguagem corporal era de gozo, você até disse isso. Achei performático, mentiroso. Era exagero seu, ninguém gozava tão fácil assim. Mas eu tinha vindo até ali por uma massagem e uma brisa e ainda não tinha conseguido nenhum dos dois. Se você quisesse gozar - ou fingir - o problema era seu.
Suas mãos ficaram mais firmes - e mais quentes, como você havia dito. No modo terapeuta você é todo cuidado, carinho e atenção, e pode ter sido o brownie ou pode ter sido a troca de energias, mas eu fui aceitando isso tudo. Performance ou não, era a primeira vez que alguém prestava atenção no meu corpo, nas minhas respostas a estímulos, se preocupava exclusivamente com o meu prazer e sobretudo com meu bem estar. Eu poderia aceitar isso, eu deveria aceitar isso e nunca menos do que isso. Eu tentava não me lembrar de cada marca, cada estria, cada celulite, cada pelo encravado que você poderia estar vendo, até porque você parecia não notar. Você estava genuinamente fascinado com meu corpo, com meu cheiro, com a minha textura. Eu queria retribuir, então encurtei um pouco a massagem pra te dar o que eu imaginava que você quisesse.
“Eu não ejaculo, tá” você disse, em algum momento, e eu tive flashbacks de guerra. Meu ex também me falou isso na primeira vez que transamos. No caso dele, era um vício debilitante em pornografia somado a questões muito mal resolvidas sobre a própria sexualidade, mas entender isso não era o bastante para que eu não me sentisse insuficiente e indesejável. Te fazer gozar era questão de honra, mas eu não parecia precisar fazer nada, você já tinha gozado umas 5 vezes desde que eu cruzara a soleira da sua porta. Eu não me importava com a sua ejaculação, você venerava cada centímetro do meu corpo falho e parecia sentir prazer nisso. “Então isso é um escravoceta”, pensei. E a ideia me encheu de tesão.
Se eu te disser que lembro de tudo o que fizemos naquele sábado à tarde, estaria mentindo. Sei que foi bom, muito melhor do que eu poderia esperar. Nem parecia ser a primeira vez entre dois corpos desconhecidos - um deles adormecido há um tempo. Talvez você tenha apertado alguns botões que reacenderam tudo o que eu tentei manter adormecido nos últimos anos depressivos. Sei que levantei da sua cama com a certeza de que sexo era bom sim, bom pra caralho, e eu poderia transar todos os dias se fosse sempre assim. Ao mandar a selfie com seu chapéu de marinheiro como prova de vida para um amigo, a resposta dele foi: “transou gostoso, né?”
Para minha amiga, a avaliação foi “foi tão bom quanto uma transa com um estranho do Twitter poderia ser”. Eu jamais admitiria por texto que tinha sido uma das melhores experiências sexuais da minha vida porque estava (maniacamente) comprometida com o moço escritor e aquilo tinha sido só um treino. Além disso, minhas amigas me acham emocionada e eu estava ressurgindo sexualmente como uma mulher independente e empoderada. Se com você tinha sido bom, com o moço seria ainda melhor, é claro. Mesmo assim, tomando café da manhã com essa amiga no dia seguinte, eu te descrevi como um jovem místico adepto do tantra que me tratou como uma deusa e elevou o patamar para todos os homens que viriam depois de você. Na minha cabeça - e na minha buceta - a ideia de te manter como um pau amigo, uma foda para quando eu precisasse de piroca e carinho, ia tomando forma. Meu coração era do moço escritor, mas meu corpo podia ser seu também, você o tratou tão bem.
Eu só não sabia que essa seria a pior transa que nós dois tivemos, porque o patamar foi cada vez mais elevado. Outro dia eu conto por que você me fez chorar quando me abraçou no motel, mas a construção desse choro começou na sua casa. Também preciso te contar de como você chegou tão perto de me fazer transcender, e como você ressignificou a minha relação com meu corpo e com meu prazer, e como você pegou toda a energia destrutiva que eu canalizei para o moço escritor e transformou em amor.
O que eu vou contar agora é que ele não foi muito bom de cama. Talvez a culpa seja um pouco sua por ter erguido o sarrafo, talvez seja o fato de eu ter sido a primeira depois da ex dele nesse momento conturbado. Pode ser também que o pé imobilizado tenha entrado no caminho. Mas transar com ele me lembrou como era transar com todos os homens hétero antes de você: um oral protocolar, uma variação de posições suficientes para evitar que ele gozasse rápido, tentativas desajeitadas de me estimular durante a penetração, enfim. Tudo muito frustrante depois de ter sido tratada como eu mereço por você. Quando nos despedimos no metrô, olhei várias vezes para ver se ele olhava pra mim de volta, apaixonado como eu julgava estar. Nada. Ele deu as costas e seguiu decidido para casa, reforçando que tudo só existia na minha cabeça.
Não foi difícil deixá-lo ir com você por perto. E o fato de que cada vez que transamos parece ser ainda melhor do que a anterior torna tudo ainda mais prazeroso.
Quem fala mal de escravoceta nunca transou com um. E eu não quero transar com mais ninguém além do meu escravoceta depois disso. ✨
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bananda · 10 months
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How reckless the way that I love
Anxiety: A Ghost Story
We have got to talk about the kids in all those Goosebumps books. For example, if your family vacation is to an amusement park called HORRORLAND, and your station wagon explodes in the parking lot upon arrival, maybe shrugging it off, buying an extra large popcorn, and heading straight for The Deadly Doom Slide is not your best possible course of action.
Or, if you steal a weird camera from your creepy neighbor’s basement and every picture you take shows bad things happening, like decapitation and Tofurkey, and then all the bad things from the pictures start happening, Stop Taking Pictures.
Or, if you move into your new house and there are a bunch of small children already living in your bedroom that your parents cannot see, maybe, don’t just grab a juice box and go play in the cemetery that is in your backyard.
Or, when I tell you of the ghosts that live inside my body; When I tell you I have a cemetery in my backyard and in my front yard and in my bedroom; When I tell you trauma is a steep slide you cannot see the bottom of, that my anxiety is a camera that shows everyone I love as bones, when I tell you panic is a stubborn phantom, she will grab hold of me and not let go for months– this is the part of the story when everyone is telling you to run.
To love me is to love a haunted house– it’s fun to visit once a year, but no one wants to live there, and when you say, “Tell me about the bad days,” it sounds like all the neighborhood kids daring each other to ring the doorbell, you love me like the family walking through Horrorland holding hands– You are not stupid, or careless, or even brave, you’ve just never seen the close-up of a haunting.
Darling, this love will not cure me. And this love will not scrape the blood from the baseboards, but it will turn all the lights on, it will bring basil back from the farmer’s market and it will plant it in every windowsill, it is the kind of love that gives me goosebumps, when you say to the ghosts, “If you’re staying, then you better make room,” and we kiss against the walls that tonight are not shaking, so we turn the music up and we dance to Miles Davis, and you say, “My god, this house. The way that it stands even on the months that no one goes into or comes out of it.”
How reckless, the way that I love like the first chapter of a ghost story. Like the gentlest hand reaching out of a grave.
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bananda · 10 months
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Mania de Você
“In my slut era”, eu anunciei para ninguém em particular. Joguei para o éter no Twitter, na tentativa de fazer colar. Não seria a primeira vez em que eu tomava decisões equivocadas em relação às minhas práticas sexuais, tentando fazer com que eles coubessem na conta do empoderamento e libertação.
Sou uma mulher forte, dona de mim, dona do meu corpo, dona da minha sexualidade. E estou doida pra dar.
Eu também estou em crise de mania e não posso confiar nas minhas decisões.
Vamos começar esse diário com um passeio pela rua das memórias.
Eu tinha um amigo. Ele era meu melhor amigo, um dos mais antigos, e era apaixonado por mim há uma vida. Nos conhecemos no Orkut, em uma comunidade sobre Harry Potter. Conversávamos por dias, horas, ele sabia tudo de mim e eu pouquíssima coisa dele, porque nunca me importei muito. Sempre fui meio escrota e nunca tive muito interesse. Em 2006, pouco mais de 1 ano após começarmos a conversar, nos conhecemos pessoalmente. Ele era um adolescente, 16 anos. Eu chegaria aos 20 em alguns meses. Tinha um namorado, o mesmo desde os 15. Eles morriam de ciúme um do outro. Eu adorava isso. Sempre curti ser vista como uma posse, algo a ser disputado, valorizado, protegido. Meus afetos estão corrompidos pelo ego. Enfim, 2006. Estava no Rio de Janeiro por um grande acaso e fui conhecer meu melhor amigo. Platonicamente. Que mulher de 20 anos tem interesse em um adolescente esquisito de 16? Ele me deu bombons e uma foto dele criança. Fomos ao parque, tiramos fotos juntos, deitamos na grama e falamos da vida. Ele me emprestou o casaco. Fomos ao cinema, dividimos uma pipoca, assisti o filme do José Wilker com a cabeça no ombro dele. Caminhamos de mãos dadas pelo bairro das Laranjeiras, como canta Nando Reis. Foi o dia mais romântico da vida dele até aquele momento, ele me falou isso várias vezes desde então, mas eu jurei pro meu namorado que não, não houve traição porque não nos beijamos.
Eu sou péssima com acordos e responsabilidade afetiva.
A prova disso é que alguns meses depois eu terminei com esse namorado de 5 anos e em poucas horas estava na cama com aquele que viria ser o pai do meu filho. Meu amigo nunca teve uma chance real, concreta. Ele era um amortecedor emocional, um bichinho de pelúcia que me dava a segurança de me sentir amada, desejada, admirada, por um gurizinho feio de 16 anos do outro lado do país. Ele chegou a me escrever várias cartas das quais eu mal tenho memória, mas eram ridículas, como toda carta de amor deve ser. Guardo todas até hoje, junto com a embalagem dos bombons e a foto dele bebê vestido de palhaço. As cartas cessaram quando ele começou a namorar, a menina me odiava, nos afastamos até ele levar um chifre, mas nunca nos perdemos através das plataformas da rede mundial de computadores, passamos do Orkut e MSN para o Twitter, Facebook, Instagram… Ele me viu virar mãe, subcelebridade de internet, sofrer por vários homens bostas, tudo isso enquanto se tornava um homão seguro de si, com um cabelo lindo e um sorriso avassalador. Nunca ficou bonito de verdade, mas carioca tem bônus racial de carisma e ele sempre foi excepcionalmente inteligente, o que ajuda a superar qualquer detalhe da aparência.
Em 2019, surgiu uma rara janela de oportunidade: estávamos em estados vizinhos, ambos solteiros ao mesmo tempo pela primeira vez desde 2006. Já tinha um tempo que ele pedia pra vir me ver, mas agora queria cuidar de mim, me blindar da crise depressiva que vinha se instaurando desde o término com o último de uma linhagem de ex-namorados bosta que eu vinha acumulando ao longo dos anos. Eu não queria vê-lo porque estava gorda, feia, e a mente dele era o único lugar onde a Fernanda de 19 anos, magra e cheia de potencial, ainda existia. Eu não estava pronta para deixa-la ir, mas ele venceu pelo cansaço e pela surpresa: comprou a passagem e só me avisou a data. Estava vindo passar um fim de semana comigo e ia ficar na minha casa.
Sua vinda desencadeou um episódio maníaco e, mesmo medicada, com acompanhamento psiquiátrico e psicoterapêutico, minha solução foi chamar um coitado do Tinder, com quem o papo tinha milagrosamente fluido e migrado para o WhatsApp, pra ir lá em casa me currar. Queria levar surra de piroca e neutralizar a potencial sexualidade latente que pudesse surgir entre meu amigo e eu. Eu imaginava que ele não fosse querer me comer ao ver que aquela menina que ele levou de cavalinho pelos jardins imperiais do Museu Nacional provavelmente quebraria sua coluna se tentássemos replicar a cena hoje em dia, mas tinha certeza que, se porventura o sexo entrasse na equação, seria o fim da nossa amizade.
Na minha cabeça, chamar o antropólogo emo do Tinder para uma rapidinha me ajudaria a quebrar vários tabus que só existiam na minha cabeça: era o primeiro cara que eu beijava desde o meu ex, o primeiro a estrear minha cama e colchão novos, o primeiro a ir na minha casa. Uma série de pequenos rituais que ganhavam muito menos peso se performados com um curitibano anônimo que eu nunca mais veria depois daquela noite.
Até porque foi horrível: o cara beijava mal, fodia pior ainda, mijava em pé e de porta aberta e me comeu de meia. Na época, isso era um pecado capital pra mim. Mas o pior de tudo é que ele não ia embora. Chamei Um Emo Para Uma Rapidinha E Ele Pediu Conchinha. Eu queria descansar, meu amigo chegaria às 7h da manhã na minha casa, e o abençoado do jato potente de urina resolveu passar a noite. Enxotei-o às 6h45 e 15 minutos depois meu amigo passava pela mesma soleira por onde ele tinha saído. Eu mal tinha limpado a buceta, ainda dava pra sentir o cheiro de látex da camisinha ruim, meu quarto cheirava a sexo e frustração. No auge da crise de mania e em privação de sono, eu simplesmente não sabia o que fazer com o cara que tinha passado as últimas 6 horas em um ônibus interestadual para me ver.
Levei-o para passear no parque vizinho e ficamos andando a esmo enquanto eu falava sem parar, na padaria, tomando café da manhã, ele sinalizava repetidamente que estava exausto da viagem, e eu enrolando. Não tinha coragem de ficar com ele em casa porque achava que ele tinha vindo com segundas intenções, apesar de negar veementemente, e eu não conseguiria impedi-lo. Nunca tive força de vontade e achava que devia algo pra ele, que tinha feito todo o esforço de vir até mim. À noite, tentamos ir a um restaurante temático de Harry Potter para celebrar nossa história mas, sem reserva, foi impossível. Como punição por ter vindo “de surpresa”, o fiz andar várias horas pelas ladeiras da Pompeia e Perdizes, queria deixá-lo irritado, ficar feia e fedida para impedir qualquer interesse. Funcionou. Chegamos no bar exaustos mas conversamos por horas, sobre tudo, 13 anos de conversa olho no olho acumulados, fluindo como só quem tem uma conexão como a nossa conseguiria. Éramos apenas dois amigos de longa data se vendo pela primeira vez em muito tempo.
A garçonete deu em cima de mim, ele incentivou que eu pegasse o número dela. Trocamos os aparelhos celulares: ele mexeu no meu Tinder e eu no dele, tentando achar dates um para o outro. Me mostrou seus afetos e revirou os olhos contando sobre as emocionadas, compartilhamos experiências sexuais, ele me contou das surubas que havia participado. Bebemos moderadamente, comemos bem, rimos de ficar com a bochecha dormente e voltamos pra casa seguindo o plano de dormir cada um em um quarto. Estávamos seguros, nossa amizade estava blindada.
Não lembro muito do outro dia, mas resolvemos sair à noite. Quando apareci pronta na sala, usando um vestido que ele tinha comentado no Instagram, ele me cobriu de elogios com aquele S chiado, usando palavrões como interjeições, transformando o sotaque mais detestável do país em música para os meus ouvidos.
Ele me comia com os olhos e minha insatisfação com minha aparência deu lugar ao sentimento peculiar de me sentir desejada. Então ele não estava decepcionado com o que 13 anos, um filho e várias crises depressivas haviam causado no meu corpo? Por que eu estava buscando a validação dele? A ideia não era manter tudo platônico? Nossa amizade não estava blindada?
Dar pra ele se tornava a cada minuto menos uma questão de “se” e mais uma questão de “quando”.
Terminamos a noite num cabaret na Santa Cecília. Sim, cabaret com T, não era um puteiro. Era uma casa de shows com drinks com nomes específicos, trilha sonora de jazz e show de burlesco. Me esforcei pra ficar bêbada rápido e o beijei de surpresa ali no escuro, enquanto uma mulher sacodia as tetas tipo a Elvira no palco à nossa frente. Não me lembro de sentir nada especial, apenas alívio por quebrar a tensão que eu sentia desde o anúncio da compra da passagem. Ele tinha vindo aqui pra isso, ele esperava por esse momento há 13 anos. Ele não se importaria de saber que eu estava na cama com um cara aleatório do qual eu mal lembrava o nome 15 minutos antes de sua chegada. O álcool me fez compartilhar essa informação com ele e me impediu de registar sua reação real. Não faço ideia de como se sentiu e não me importei muito.
Fomos pra casa. Ele não queria me comer, eu estava bêbada demais e talvez não estivesse em condições de consentir. Eu o ataquei violentamente - chegamos a lutar no sofá - eu tirei a roupa dele à força, até que ele cedeu. Não lembro muito da noite, mas ele tinha prometido a melhor chupada da minha vida e acabou arranhando minha buceta com dedadas que pareciam um exame de toque ginecológico. Fingi um orgasmo pra parar o sofrimento. O pau dele era comprido e fino como ele, não haveria preparo do assoalho pélvico que me fizesse sentir preenchida. Minhas amigas e eu o chamaríamos de lápis eventualmente. Perdemos duas camisinhas porque elas simplesmente saíam daquele apêndice esguio. Será que fazem camisinha específica para pinto de lápis? Será que eu estava larga? Será que ele não estava excitado o suficiente? O sexo foi bem medíocre e eu estava exausta, em 48 horas eu tinha dado mais do que nos últimos 2 anos. (Meu ex tomava antidepressivos e era secretamente gay - ou só não gostava de me comer. Aposto no gay.)
No dia seguinte, de ressaca e com vergonha dos vários vexames causados pelo álcool, tive um meltdown. O pico de mania passou e o vale depressivo me nocauteou. Hoje eu consigo identificar tudo isso, mas na época não soube me comunicar e ele não soube como agir. Ele me via como a super mulher: no início do ano a gente tava vendo o Oscar juntos e ele ficou admirado porque tinha me dado vontade de comer doce e eu fiz um brownie em 20 minutos. Ele falava muito nesse brownie, que deve ter sido uma das únicas coisas que eu fiz na cozinha aquele ano. Eu não sabia como explicar que eu não era a mulher promissora e cheia de energia que ele conheceu na adolescência, a super mãe e profissional que ele via nas redes sociais. Ele queria uma personagem que tinha 18 potes de tempero e sabia usar coisas como levedura nutricional.
Mas tudo o que eu tinha a oferecer naquele momento era Mc Donald’s no sofá.
O que tinha acontecido com a mulher que o levou pra caminhar no parque as 7h30 da manhã, que arrancou sua roupa a força poucas horas antes ali naquele mesmo móvel onde ela chorava comendo batata frita murcha? Ele tentou disfarçar, mas estava claramente puto. Queria vivenciar São Paulo, conhecer restaurantes e pontos turísticos e eu tinha virado um vegetal em sofrimento emocional. Transamos mais um pouco, sem camisinha dessa vez, mas foi ainda pior porque eu estava sóbria. Justifiquei o sexo ruim e a falta de acolhimento com ✨ amor ✨. Ele me amava. Ele tinha vindo de outro estado por mim. Ele esperou 13 anos por mim. A narrativa estava montada na minha cabeça: ele se mudaria para cá e seríamos felizes para sempre, eu o ensinaria a trepar, compraríamos camisinhas do tamanho correto, ele me faria rir e me encantaria com a articulação malemolente de um professor de história do subúrbio fluminense.
Eu nem tinha gozado e queria trazê-lo para morar comigo.
Depois de um dia trancado num apartamento com um vórtice emocional, frustrado nutricionalmente, gastronomicamente e sexualmente, ele foi embora. E as crises começaram. Quando ele viria de novo? Será que comeria outras pessoas lá no Rio? Será que tinha gostado do sexo o suficiente pra voltar no outro fim de semana? Será que eu rebolei insuficiente, ele tinha dito há uns 8 anos que a ex dele rebolava bem. Será que eu fui melhor? Será que ele ainda amava a ex? Será que ainda me amava? Será que ele algum dia me amou, ou amou a figura platônica que conheceu na adolescência? Seria o fim da nossa amizade?
Ele tinha sido claro desde sempre: queria ficar solteiro porque não tinha disponibilidade emocional. Estava com a terapia em dia, feliz com sua vida profissional, pensando em adotar um segundo gato. Não tinha espaço para alguém fixo em sua vida. Não tínhamos rido juntos das mulheres emocionadas no WhatsApp dele? Eu me tornaria uma delas?
Claro que não. Era eu. O amor da adolescência. Ele esperou quase metade da vida por isso. Era nosso momento, seríamos felizes para sempre, almas gêmeas unidas pela magia de um bruxinho inglês através da rede mundial de computadores. Ele mesmo disse que eu era a mulher daquele episódio de How I Met Your Mother sobre a janela de oportunidade. Ele era meu Ted, eu seria a mãe dos filhos dele e o quarto das crianças seria como um board do Pinterest. Era uma história de amor linda, perfeita, não tinha como dar errado. (Ted não fica com a mulher desse episódio.)
Em 2 dias eu o bombardeava com links de vagas de emprego na cidade, promoções de passagens, queria discutir a relação todos os dias. Ele já estava acostumado com meus textões, mas não sabia o que fazer. Não tinha disponibilidade ou interesse em um relacionamento, não queria se mudar de cidade, não tinha grana pra vir mais de uma vez por mês, sem contar que eu tinha dado pra ele nos mesmos lençóis que outro cara tinha estado poucos minutos antes dele chegar. Que conto de fadas era esse que eu tinha criado? Em que história a princesa agia assim?
Em 1 semana, depois da segunda ou terceira vez que eu o bloqueei em crise de pânico, ele parou de me responder. E segue assim até hoje. Nunca mais tentou me seguir nas redes sociais nem tentou entrar em contato. As vezes eu cruzo com algum comentário dele no Twitter e curto, mas ele nunca reage a isso de alguma forma. Tem um amigo dele da adolescência que me segue até hoje e vive dando em cima de mim, mês passado veio aqui em São Paulo e tentou me encontrar e minha resposta foi “Pede pra ele voltar pra minha vida”. Sinto falta do meu amigo e odeio tudo sobre essa situação.
A mania é uma bruxa sedutora e traiçoeira que enfeitiça passantes incautos com a promessa de todas as mulheres que eu poderia ser se não fosse eu.
In my slut era, ela anuncia, tomando decisões impulsivas que geram consequências drásticas.
Os povos quechua encaram a linearidade do tempo com o passado à frente, para que possamos observá-lo e estarmos mais preparados para as surpresas que pulam do futuro pelas costas. Eu olho pra frente e vejo a terra arrasada que meu transtorno causou. É o cerrado depois da queimada, é uma vida em processo de desertificação avançado.
Mas eu já domino esse bioma. Sou dona desse ecossistema, por mais frágil que ele seja. Então contextualizo para que todos saibam onde pisar.
E essa não é uma história triste. É uma história de amor. Não é uma história sobre o passado, é sobre o presente.
E o sexo fica bem melhor.
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