Seria improvável, impossível eu diria. Mas eu queria pelo menos uma hora com você, sem dizer nada. Só queria poder te abraçar de novo e esquecer que o tempo e todas as coisas em volta, existem. Eu só queria 60 minutos de você, nem que fosse pela última vez.

Minhas provas começam em duas semanas e eu não consegui absorver nada, não tô conseguindo ir às aulas. Quando estou em “crise”, fico com mais sensibilidade a tudo, não consigo sair sozinha e preciso de abafador. O fato de saber que agora tem um nome pra tudo isso, não anula o fato de que as vezes eu me sinto incapaz. Sinto que tô lidando com tantas coisas ao mesmo tempo, minha única certeza é que não posso desistir da faculdade, meus pais estão acreditando em mim e preciso acreditar que eu também. Alguém precisa de mim, mais do que eu mesma, com toda a certeza. Não consigo parar de chorar por motivos que eu nem sei direito, é difícil falar sobre. É uma somatização que se estendeu por muito. Minha maior preocupação no momento, são as provas, acho que meu maior incentivo é poder continuar cursando psicologia e descobrir cada vez mais coisas para as quais nunca tive respostas, sobre mim e sobre o mundo num contexto geral. Eu preciso conseguir terminar o semestre, ao menos isso.

Não tem sido uma semana fácil, amo me fazer de forte até o último segundo e sempre foi assim. Até não ter mais forças e desabar e hoje foi esse dia. Com todas as sensações possíveis que uma crise de ansiedade pode proporcionar, desde não conseguir fazer tarefas simples do dia, até faltar aula na faculdade. Precisava desse momento comigo, pra sentir tudo. Passei mal pela manhã, tive uma crise intensa de choro (obrigada Deus) tomei remédio e dormi. O dia findou, fui ao mercado, porque não dava mais pra adiar, organizei a casa e lavei o cabelo depois de três dias sem lavar. Consegui fazer uma janta bem especial pro filhote, porque ele me viu chorando, o que eu não gosto. Daí eu pedi desculpas e disse que não conseguiria fazer almoço hoje, pra ele comer um pão. Aí ele; você está na tpm né mamãe, vai ficar tudo bem. São tantas coisas sabe, as vezes eu me acho extremamente capaz de tudo e as vezes eu me sinto tão impotente. São 2 da manhã e um cigarro me espera na varanda. Não há muito o que fazer, se não, refletir no silêncio da própria existência, enquanto aprecio o céu. Das coisas simples da vida, que me fazem esquecer ou pelo menos tentar esquecer, que eu sou meio louca. Mas tudo bem, tenho ótimas referências de pessoas loucas pra caralho, que deixaram um puta de um legado, no mundo. Quem sabe um dia, eu não me torne uma delas.

Não tenho medo do amor, tenho medo mesmo é de quando ele acaba. Quando num instante, tudo o que você pensava saber sobre alguém, já não é real. Eu não tenho medo do amor, tenho medo é do fim. Ainda que seja a escolha mais sensata, não deixa de doer. A ausência daquele que um dia foi tão presente, dói. Mas aí você lembra do porque teve um fim e embora o apego faça doer, você aceita que precisa passar por isso.

Pra encontrar a real felicidade… E ela começa como um processo de autoconhecimento, de repente você começa a se dar conta do que quer pra sua vida, do que merece a sua atenção, energia, suas palavras, alguém com quem você possa conversar sobre como foi o dia, alguém que te ouça e que faça questão de falar. Alguém que você sinta a paz de poder olhar todos os dias, não como se suas palavras fossem um grito no vácuo do não entendimento, era assim que eu sentia. Me sinto livre agora, mas isso não anula a dor. Meu estômago acorda embrulhado todas as manhãs a aproximadamente 17 dias. Eu tive a escolha de não passar por isso, mas eu abri mão, porque eu sentia que seria mais saudável pra mim. E tem sido, de uma forma dura e bem real, com seus prós e contras, tem coisas na gente, que ninguém pode resolver, se não a gente. Como você era antes de alguém e o que mudou? O que nunca mudou em você, apesar de qualquer pessoa? E o que tal pessoa agregou ou tão somente “destacou” uma fraqueza que sempre existiu? E desde quando existe e porque existe? Qual a razão da sua indisposição ou hiperatividade? Seja lá qual for a queixa, nunca é sobre o outro, sempre é sobre nós. Percebo que em relação a ter alguém ou estar só, sempre houve uma parte de mim, que me incomodava, mas nunca conseguia ser mais que aquilo e ela ainda existe. Mas sozinha, me vejo obrigada a lutar contra ela, pra me distrair da memória de só ter alguém ali, vendo tudo. A diferença é que agora eu estou só e preciso tentar fazer algo pra lutar contra a vontade de não fazer nada. Me vendo de fora, é muito difícil admitir que eu preciso melhorar em muitas coisas até chegar aonde eu quero chegar, por mim. Eu preciso me encontrar em muitas coisas e eu sinto que é necessário passar por tudo que eu tô passando agora.

Tu me faz sentir que nada nesse mundo trágico é realmente trágico quando você está aqui.

She.

queria tanto que pudesse me ouvir…

como eu queria teu abraço genuíno.

“Não venha roubar minha solidão, se não tiver algo mais valioso para oferecer em troca.”

— Friedrich Nietzsche.  (via cultiva-me)

“É preciso enxergar a loucura para além do paradigma psiquiátrico. Ultrapassando a barreira do patológico e aceitando a interação da loucura com outras esferas da vida humana, como a arte. É preciso pensar naqueles, que foram injustamente trancafiados em manicômios por não enxergarem o mundo, tal qual, a normativa social propõe. A desrazão é uma linguagem própria da loucura, mas que possue significado para os que dela fazem uso. Sua expressão pode ocorrer de diversas formas, como numa peça de teatro, nas telas do cinema, nos livros e poesias.” - Foulcalt

Eu não faço ideia do que me espera lá na frente, mas parei de sonhar com uma versão sua diferente, uma em que você me inclua e me ame perdidamente.

Versões que só existem na minha mente.

Nessa Cross