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LAKE: if i go to jail, you'd come to see me, right? (@chefgretamorrison)

You have no idea what I would do if something happened. —— Benjamin Selwyn & Greta Catchlove [Pós-PT]

Não era arrependimento. Benjamin Selwyn nunca deixara espaço em sua vida para aquele tipo de sentimento, mas talvez nenhum outro pudesse ser comparado á sensação que agora assomava em sua consciência.

Depois que deixara Autumn naquele dia mais cedo, depois que todas as palavras necessárias haviam sido proferidas, mesmo que de maneira imprudente, só então a percepção dos acontecimentos se abateu sobre o rapaz. Os gritos de pavor ainda pareciam preencher os seus ouvidos, as imagens de terror inundavam a sua mente sem o menor sinal de hesitação. Ele se lembrou de ter visto sangue em suas mãos, o sangue da de sua própria irmã. Talvez tivesse sido naquele momento que ele começara finalmente a despertar do estupor das mentiras que seu pai lhe contava desde sua infância. Com Autumn ele explodira, libertando-se de toda a imundície porque aquela garota sempre lhe purificara de uma maneira que nunca pudera entender, mas ainda haviam alguns pontos soltos naquela história, ainda faltavam algumas pessoas por ali para lhe fazerem acordar por completo.

A lembrança de uma pequena garota de cabelos claros e sorriso maroto tomou toda a sua atenção, chamando-o. Greta. Retomou a última conversa que tivera com ela e recordou-se brevemente de quando a ouvira dizer que planejara participar do último dia do Festival dos Fundadores. Na hora não dera muita importância, mas agora certo pânico parecia se enraizar em seu peito. Pensou em Jaime, mas tinha certeza de que o amigo comparecera ao Banquete de Salazar Slytherin porque o vira sair em traje formal junto com uma quantidade considerável de colegas. Portanto, ainda havia Greta para com quem se preocupar.

Os dois não eram melhores amigos e nem ficavam juntos na maior parte de seu tempo livre. Também não costumavam ter conversas produtivas ou trocar palavras amigáveis e abraços. Na verdade, Ben e Greta quase pareciam não gostar um do outro. A implicância era constante, as piadas e brincadeiras eram quase obrigatórias naquele relacionamento, e ele nem conseguia se lembrar de alguma vez em que haviam se falado sem que alguns xingamentos surgissem no meio da conversa. Entretanto, Ben conseguia se divertir com Greta porque a garota nunca deixava pedra sobre pedra, falava tudo o que tinha para falar e poucas pessoas ousavam se meter com ela, o que não parecia certo considerando a estatura e a fisionomia de criança que ela tinha. Greta Catchlove sempre fora uma surpresa e ele gostava do modo como ela o desafiava. Não era a melhor amizade do mundo, mas era uma boa amizade. 

Benjamin estava certo ao pensar que nunca percorrera aqueles corredores frios e escuros de maneira tão rápida desde que chegara a Hogwarts. Havia ido até a enfermaria — que mais parecia um centro médico em um campo de batalha — e perguntara para qualquer um que encontrasse, mas ninguém parecia tão preocupado em saber onde Greta estava. Só lhe restava um lugar para procurar.

Tentando manter a expressão natural e a respiração regular, Ben seguiu na direção de sua Sala Comunal e adentrou ao recinto com certa presa, empurrando um garoto do quarto ano para fora de seu caminho. Seus olhos percorreram todo o local em busca da pequena garota, o que não lhe parecia uma tarefa tão simples visto a quantidade de alunos que se encontravam ali, mas quando finalmente a encontrou, sentada em uma das fileiras mais distantes da porta, não hesitou ao atravessar a sala da forma mais rápida que conseguiu, mesmo que não quisesse chamar tanta atenção para si mesmo. Ao parar em frente a Greta, o alívio que ele sentia era quase inexplicável, mas ele não sorriu ou manifestou nenhuma expressão de felicidade. Apenas queria saber se ela estava bem. — Onde você estava, Greta? Me diga que você não foi ao Festival, por favor...