Nos últimos dias tenho lido e ouvido muitas crônicas de Clarice Lispector. Com tamanho esplendor de seus sentimentos em forma de palavras, passei a pensar o quão solitária ela devia se sentir: perdida num mundo de pessoas perfeitamente perfeitas enquanto existem outras poucas com defeitos. Esse pensamento se intensificou ainda mais após eu ler “Pertenço”, que retrata exatamente isso. Então, assim como ela, não pertenço a onde vivo, não pertenço a mim ou a clubes, associações ou qualquer outro tipo de organização feita como tapa-buraco para a solidão. Por mais que eu saiba que eu simplesmente não pertenço, gosto de pensar que eu pertenço a dúvida que me acompanha desde meu nascimento, da qual sequer sei qual é. As vezes gosto de pensar que talvez eu pertença a incerteza e a tristeza que assolam meu coração, ou eu simplesmente penso que pertenço a confusão de meus pensamentos. A dúvida, a solidão, as lágrimas e a dor que habitam em mim talvez venham do fato de eu não pertencer. Se eu ao menos pudesse, mesmo que por um único dia, pertencer, eu pertenceria. Eu não pertenceria a terceiros, mas sim a minha alma. Eu pertenceria pelo simples fato de que desejo pertencer, eu pertenceria para sanar as dúvidas que apertam meu coração, eu pertenceria só por pertencer, eu pertenceria unicamente e exclusivamente a mim e ao meu coração. Talvez eu pertenceria para sentir tudo aquilo que não sinto, pertenceria, talvez, apenas para preencher aquilo que mais me faz falta dentro de mim: a sensação de pertencer.
Sabía que las heridas de mi infancia no las iba a curar nunca, porque no eran mías ya, eran recuerdos que con el pasar del tiempo me traumatizaron y formaron mi persona, y no sanaran porque a mi no me hicieron daño, se lo hicieron a mi versión pequeña.
Cierra los ojos por Luis Mariano González
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