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Minha Vida Nada Interessante
Os dias aleatórios de uma jovem medíocre. (eu ainda posso ser considerada jovem?)
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10 de abril de 2024, quarta-feira
QUANTAS VEZES VOCÊ JÁ CONTEMPLOU A FINITUDE DA VIDA? Talvez alguns digam que a quantidade correta de vezes seja nenhuma, mas digo com certo pesar que a minha quantidade é, no mínimo, umas 3 vezes por semana. Se você chegou até aqui, já percebeu que isso é uma constante na minha linha de pensamento.
Não é a mesma coisa que pensar em suicídio. Os dois são totalmente diferentes. No suicídio, a pessoa pensa ou planeja como parar de sentir sofrimentos emocionais e/ou sair de situações que parecem impossíveis através de tentativas de autoextermínio. Pensar na finitude da vida é totalmente o contrário. Refletir sobre a finitude é pensar em questões mais abstratas, como pós-vida, ou questões físicas, como quem vai ficar com a herança ou o que vai acontecer com um objeto específico. Um exemplo bem direto são todas as coisas que já escrevi aqui: Será que alguém vai achar esse arquivo no meu Google Docs? Será que alguém leu meu Tumblr onde tudo isso foi postado? Será que eu ou alguém transformou em um livro? Será que todos os anos que eu passei escrevendo serão deletados da forma mais simples possível?
Eu posso refletir e pirar o quanto quiser nessas perguntas, mas a resposta final que eu encontro é: "não importa. Já estarei morta e não sentirei nada." Pode até parecer triste, mas acho um alívio. A ideia de que quando acabar, acabou, que não importa se eu fui Madre Teresa de Calcutá ou o ser humano mais hediondo da face da terra. Quando acabar, não haverá nada. Nenhum sofrimento, nenhuma alegria, nenhuma dor, nenhum prazer. Não precisa pensar, não precisa decidir nada, simplesmente silêncio. Chega a ser um alívio.
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6 de abril de 2024, sábado
O SUSTO DE TER SINTOMAS DE ANEURISMA AOS 28 ANOS EM TEMPOS DE SURTO DE CHIKUNGUNYA, DENGUE, ZIKA, MENINGITE, H1N1 E COVID É ATERRORIZANTE. Pior ainda foi como me senti ontem, quando tive uma crise renal por conta de uma pedra obstruindo o canal do rim. Tudo começou com uma dor no lado esquerdo da cabeça, que inicialmente pensei ser rinite. Essa dor evoluiu para enjoo, que acreditei ser da vesícula. Quando o formigamento começou a afetar meu braço direito, perna direita e o lado direito do rosto, pensei ser problema na minha costela cervical.
Acabei no hospital com fraqueza e enjoo. Após receber um calmante, um relaxante muscular e três remédios diferentes para dor, o único sintoma que permaneceu foi a dor de cabeça, que diminuiu para um nível suportável. Fiz uma tomografia e exames de sangue. Felizmente, a tomografia não apontou nada de errado, mas o exame de sangue revelou uma carga viral não identificada. Fui mandada de volta para casa com receita de remédios para dor e náusea a cada 6 horas, com a orientação de observar se os sintomas retornam. Caso volte a ter principalmente os sintomas de formigamento, devo correr de volta para o hospital.
Se eu disser que não tive medo, saiba que seria mentira. Porém, nunca foi medo de morrer; sempre foi medo de sobreviver com sequelas. Mais do que nunca, a necessidade de iniciar o "projeto idosa gostosa" nunca foi tão evidente. A vida sedentária é confortável até que os problemas de saúde aparecem.
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02 de abril de 2024, Terça-feira
SOBREVIVI A UMA CRISE DE ENJOO DESENCADEADA PELA VESÍCULA. Achava que conseguiria resistir até a época de frio, mas parece que terei que adiantar meus planos de retirá-la devido à quantidade de problemas que estou enfrentando por conta dessas malditas pedras. Vou marcar uma consulta médica e peço a todos vocês que torçam pela minha rápida melhora.
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27 de março de 2024, quarta-feira
UM MEDO: DIRIGIR. SEGUNDO MEDO: DECEPCIONAR MEU PAI. Daddy issues à parte, hoje meu pai perguntou se eu poderia levá-lo até a chácara como motorista dele. E como se não bastasse apenas dirigir (que é um medo particular meu que ainda não sou capaz de enfrentar), ele ainda quer que eu faça isso arrastando uma carretinha lotada de cacarecos. Só de pensar na ideia de dirigir escrevendo isso é o suficiente para iniciar uma azia que eu tenho certeza que vai evoluir para uma gastrite se eu continuar remoendo essa possibilidade. Eu falei com ele sobre esses sintomas de ansiedade? Claro que não! Pior que meu medo de dirigir são meus daddy issues que se manifestam no medo de decepcioná-lo.
Desde que me entendo por gente, meu pai é conhecido por suas habilidades como motorista e o meu histórico particular de como aprendi a dirigir (com ele, aos 14 anos, numa caminhonete) criaram uma ilusão incômoda que não posso cometer erros, principalmente no meu maior inimigo: a embreagem. Será que eu seria tão apavorada se o carro fosse automático? Existe a ilusão na minha cabeça que diz que não, mas é bem provável que essa ilusão seja alimentada pelo fato de meu pai se negar a comprar um carro automático, criando o viés cognitivo de que enquanto ele não trocar o carro por um automático, eu continuo evitando dirigir
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22 de fevereiro de 2024, quinta-feira
QUANDO SE TEM ANSIEDADE, ATÉ A VIDA DAS PESSOAS AO SEU REDOR É MOTIVO PARA SENTIR ANGÚSTIA. Meu pai perdeu a carteira temporariamente e vai ter que fazer o curso de reciclagem. Não é por razões recentes, mas ainda assim é por conta do pé de chumbo dele. Eu ainda tenho sérios problemas com o volante e sei que preciso resolver isso. Mas em casa de ferreiro, espeto é de pau, e eu vou continuar com esse medo de dirigir por mais um tempo.
Não é dirigir em si que me dá medo, na verdade não é medo que eu sinto, mas ansiedade de ter que administrar tanta coisa. Volante, embreagem, marcha, seta, três retrovisores, o trânsito etc. Acho que se tivéssemos um carro automático para tirar pelo menos parte de todas essas coisas, eu me sentiria menos pior. Agora eu sou a única pessoa com carteira de motorista pelos próximos 60 dias, no mínimo, e meu cérebro insiste em tentar prever toda e qualquer catástrofe que vai me obrigar a colocar a mão no volante. Ou pior: colocar a mão no volante com meu pai no carona.
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21 de janeiro de 2024, domingo
Acho que nunca fiquei tanto tempo sem energia quanto agora. Se fizermos uma contagem geral, estamos há mais de 25 horas sem energia elétrica nem sinal de telefone. Meu powerbank já zerou e está todo mundo incomunicável.
Abaixo segue o “diário de confinamento”, que são simplesmente as mensagens que mandei para meu melhor amigo desde ontem:
17:47 - Eu ia te avisar para fechar a janela, mas acabou a energia e o sinal de telefone;
20:02 - Ainda sem luz nem sinal de telefone;
20:39 - Tomei um banho frio que estava quente e não aguento mais. Como as pessoas conseguiam sobreviver sem, no mínimo, um ventilador numa época sem energia elétrica?;
21:22 - Tentando dormir nesse calor e falhando miseravelmente. Permanecemos sem sinal de telefone. Bateria do celular: 26%;
22:13 - (21% de bateria) Estou tentando dormir e falhando miseravelmente. Continuo sem energia, sem sinal e sabe-se lá por quê todos os cachorros da região estão uivando. É lua cheia?;
23:22 - (14% de bateria) Voltou a chover, mas continua calor. Está trovejando e não tem nem luz nem sinal;
23:29 - (10% de bateria carregando) Lembrei do powerbank e coloquei o celular para carregar. Ainda bem que tem um pouco de carga. Cada relâmpago é a esperança de ser o poste da rua ligando. Permanecemos sem energia e nem sinal nesse calor e o Logan ainda inventa de deitar comigo;
00:55 - (70% carregado) O powerbank zerou e agora estou à mercê da Cemig. Nada de luz, nada de sinal. Acordei para molhar os braços, pernas e pescoço com a esperança de que vai aliviar um pouco meu calor;
8:28 - (54% bateria) Nada de energia, nada de sinal e nem água da rua. O calor começou a aflorar ainda mais. É incrível como somos dependentes da energia elétrica;
9:40 - (52% de bateria) Quase 17 horas sem energia, sinal de telefone e água. Me sinto no filme de colapso da sociedade moderna. O que estou fazendo? Lendo;
10:47 - (50% de bateria) Permanecemos isolados do mundo. Meu pai foi para a casa de um amigo ver se tem energia lá. A vizinha apareceu e disse que ao que parece na entrada do bairro a ventania de ontem derrubou um outdoor que arrebentou todos os fios do poste;
11:27 - (49% de bateria) Nada como ler sobre um médico (obviamente homem) que achou uma boa ideia fazer enema de vinho do Porto para substituir transfusão de sangue em casos de hemorragia no parto. As coisas que estar isolada do mundo me fazem… se eu terminar medicina macabra ainda hoje, não vou achar uma surpresa;
13:14 - (47% de bateria) Estou na página 192/429 de medicina macabra e continuamos com zero contato com a vida fora do Santa Rita. O calor é terrível e estou me liquefazendo em suor;
13:39 - (46% de bateria) Segundo o termômetro de mercúrio são 33 graus Celsius e permanecemos sem luz, sinal e água;
16:04 - (40% de bateria) Ficamos quase 24 horas sem luz, sinal e água. Não comemoro para não dar azar;
16:59 - (63% de bateria) A energia caiu de novo;
18:35 - (62% de bateria) Voltamos à estaca zero. Sem energia, sem sinal, sem água. Anoiteceu e agora nem ler eu consigo mais. Torcendo para não durar 23 horas novamente;
19:07 - (73% de bateria, sei lá, iPhone) Indo deitar porque meu único entretenimento é brincar com a cera da vela aromática de capim-limão que estou usando como iluminação;
20:44 - (62% de bateria) O sinal de telefone voltou, mas permanecemos sem energia, sem água e o lazarento do vizinho arrumou uma caixa de som com bateria;
22:17 - (60% de bateria e carregando) Eu não vou comemorar porque a última vez que a energia voltou ela não durou nem 30 minutos. Mas fico feliz que não vou precisar dormir no chão da sala (quando digo chão é chão mesmo. Azulejo puro e travesseiro pra cabeça);
22:28 - (66% de bateria e carregando) A cada “clek” do estabilizador que protege o modem e a Alexa, eu dou uma pequena arritmia de desespero.
Essa é minha última atualização do dia. Pois eu realmente vou tentar dormir e vou torcer para a luz voltar permanentemente.
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20 de novembro de 2023, segunda-feira
ALÉM DESSA ANSIEDADE POR ANTECIPAÇÃO TEM UM POUCO DE SÍNDROME DO IMPOSTOR OU EU REALMENTE NÃO ESTOU APTA A UM POSSÍVEL CARGO NA PSICOLOGIA JURÍDICA? Por onde começo? Bem… atualizando a partilha sobre minha amiga que decidir me afartar para não surtar junto com ela, ela está bem melhor e arrumou um emprego estável de carteira assinada. E meu dilema de certa forma está relacionado a isso pois ela acabou me indicando como psicóloga confiável que poderia reencher uma vaga de RH/Jurídico.
O convite para preencher a vaga não vira antes de janeiro, e nem sei se a indicação será acatada. Mas meu cérebro está um misto de oportunidade de bom salário nesse capitalismo tardio com a sensação que eu não mereço e não sou qualificada para tal cargo. Apesar dessas incertezas todas eu já estou sofrendo por antecipação a ponto de tirar meu sono. Já estou pensando em como organizar minha agenda, em como me locomover, se vou dar conta do trabalho, entre outras coisas.
Não faz sentido racional perder meu tempo com esse tipo de pensamento. É estupidez da minha parte agir como se fosse algo certo e confirmado para começar amanhã. Em casa de ferreiro, espeto é de pau? Preciso voltar para meu estado normal de pessimismo onde o não é minha certeza e qualquer pequena coisa positiva é uma vitória.
Não sinto essa angústia de antecipação desde a iminência da formatura. Quando o status de estudante estava para se tornar status de desempregada. Tem quase dois anos que me formei, então tem quase dois anos que eu não tinha essa sensação.
É uma merda.
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14 de outubro de 2023, sábado
CONTINUO VIVA. Parabéns pra mim, por mais um ano sobrevivido.
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16 de setembro de 2023, Sabado
EU DECIDI NÃO ME INTROMETER E FAZER O POSSÍVEL PARA ME MANTER À DISTÂNCIA. Não há um único dia em que minha amiga não esteja lidando com algum problema, que, no fim das contas, são simplesmente as consequências de suas más decisões. Às vezes, parece que sou mais uma mãe para ela do que uma amiga, especialmente considerando que ela está indo à terapia e tudo mais.
O problema do dia é, praticamente, mais do mesmo: ela continua tomando decisões ruins, esperando resultados diferentes. Recentemente, ela finalmente denunciou seu ex-marido, que continuou a persegui-la após o divórcio. Ele até se aproximou da mãe dela, tentando intervir e convencê-la a retirar a queixa.
Para que você possa entender melhor a situação, vou resumir um pouco:
Vou chamá-la de B (não é a primeira letra do nome dela) para simplificar nossa história. Conheci B na segunda série, hoje equivalente ao primeiro ano do ensino fundamental. Nossa amizade começou porque sentávamos em ordem alfabética na sala, e ela estava na carteira à minha frente. Desde então, somos amigas, e ao longo dos anos, tenho acompanhado sua vida de perto.
Seu ex-marido nunca foi uma pessoa decente, mas o parâmetro dela estava na atração física. Não importava que o relacionamento fosse um ioiô, contanto que ele a satisfizesse na cama. Ela se casou com ele, mesmo com todos os avisos de que ele não era uma boa pessoa. Na cabeça dela, casar era necessário para sair da casa da mãe. O sonho dela era ter uma família de comercial de margarina. Ele a traiu, agrediu, estuprou, fez tortura psicológica, e, por muito tempo, ela tentou manter o casamento para não "prejudicar os filhos".
Como se isso não bastasse, ela engravidou duas vezes dele e continuou casada, acreditando na linda frase da mãe dela de "fazer o máximo para salvar a família". E, como era de se esperar, isso não deu certo, e ela continuou a ser agredida.
Ela ficou deprimida, começou a ter crises constantes de pânico, planejou e tentou tirar a própria vida várias vezes. No final, as únicas pessoas que não a abandonaram foram eu e o pai dela.
E, como se tudo isso não bastasse, ela tem uma personalidade forte (para não dizer que é teimosa como uma mula empacada) e, quando coloca algo na cabeça, é incapaz de fazer qualquer outra coisa.
A vida dela continua em um estado caótico, mas pelo menos mais da metade disso é resultado de suas próprias escolhas ruins. E, quando ela finalmente toma uma decisão acertada, a mãe dela aparece e manipula as coisas para fazê-la parecer errada.
Hoje ela quase tentou suicídio novamente, e para ser sincera, estou exausta de repetir as mesmas coisas toda vez. Se eu continuar, vou adoecer junto. Pelo meu próprio bem, não vou mais me intrometer. Não vou opinar, nem vou correr atrás toda vez que ouvir um "não aguento mais".
Quem não aguenta mais sou eu, e espero do fundo do coração que o pai dela consiga interná-la, porque é a única coisa que ainda não tentaram.
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06 de setembro de 2023, quarta-feira
O FETICHE DO BOMER DE “SUBIR NA VIDA” AO SE TORNAR UM CONCURSADO. Meu pai tem um sonho que envolve minha carreira: ele deseja que eu siga o caminho de ser um funcionário público em horário comercial. Não que eu não aprecie a estabilidade que isso proporciona, mas essa é uma aspiração que ele insiste em tentar impor a mim. Ele frequentemente me questiona sobre a falta de "planos para o futuro", mas a verdade é que eu optei por não compartilhar meus objetivos com ele, já que sei que ele tende a divulgar informações confidenciais após algumas bebidas.
Curiosamente, cada vez que compartilhei meus planos com ele, eles acabaram fracassando. Não tenho intenção de apontar isso diretamente para ele, mas, de certa forma, ele se tornou meu "azarão".
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21 de julho de 2023, sexta-feira
MAIS UMA PERSONALIDADE IMPORTANTE NOS DEIXA. Este ano, a ceifadeira não está mostrando misericórdia. Embora eu saiba que muitas pessoas morrem todos os dias, a quantidade de pessoas no meu círculo que estão partindo faz questionar a origem do ceifador responsável.
Descanse em paz, Tony Bennett. Suas canções de jazz em parceria com Lady Gaga sempre serão a trilha sonora das minhas festas de fim de ano.
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15 de julho de 2023, sábado
ÀS VEZES, PARECE QUE SOU A MÃE DA MINHA AMIGA. Desta vez, até mesmo acompanhei-a na terapia para desempenhar o papel de advogada do diabo, porque ela tem dificuldades em se impor. Quase todos os dias, algo acontece em sua vida: um relacionamento abusivo, um ex-marido obsessivo e maluco, uma mãe narcisista, depressão, estresse pós-traumático resultante de abusos e muito mais.
No final das contas, restam apenas duas pessoas que realmente se importam com ela: eu e seu pai. Parece que, ultimamente, ela mesma está perdendo o interesse por si mesma.
Tanto ela quanto seu pai me convidaram para participar de uma sessão de terapia com eles, a fim de ajudá-la a expressar seus sentimentos. Sua personalidade passiva, decorrente do histórico de abuso, a leva a se retrair e a sofrer ataques de ansiedade diante de qualquer sinal de ameaça. Não vou entrar em detalhes sobre o que ocorreu na sessão, mas espero sinceramente ter contribuído para seu processo de recuperação.
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11 de julho de 2023, terça-feira
QUANDO O CRONOGRAMA SAI DOS TRILHOS DEVIDO À SAÚDE DE UMA TERCEIRA PESSOA. Tudo estava cuidadosamente planejado para o aniversário de meu sobrinho, mas tudo saiu de controle quando a avó paterna dele sofreu vários ataques sérios de saúde.
Inicialmente, tudo estava meticulosamente organizado para criar a festa dos sonhos da mãe do meu sobrinho. Mesmo que ela alegue que tenha sido a escolha da criança, tenho certeza de que tudo foi planejado com mais foco em minha amiga do que em seu filho. Estava tudo acertado: compras para a festa, encomenda do bolo, salgadinhos, decoração, local, brinquedos e muito mais. No entanto, tudo mudou quando a avó paterna teve sua saúde abalada, enfrentando derrames, ataques cardíacos, diabetes descontrolada e outros problemas graves. A partir desse momento, a festa e o planejamento foram colocados em segundo plano.
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09 de julho de 2023, domingo
A ÚNICA EXPLICAÇÃO É QUE EVANGÉLICOS TÊM UM FETICHE COM O APOCALIPSE. O velório deveria ser um local para a despedida daqueles que faleceram e para o acolhimento daqueles que ficaram e precisam lidar com a perda. No entanto, o pastor que proferiu suas últimas palavras antes do fechamento do caixão só sabia falar sobre o fim dos tempos e como somente os evangélicos estão corretos, enquanto todos os outros estão condenados a sofrer eternamente no inferno.
Minha família materna é evangélica, e meu avô passou a maior parte de sua vida praticando e evangelizando. Era esperado que o pastor da igreja que ele frequentava realizasse um último culto. No entanto, eu não esperava que esse pastor passasse 40 minutos discutindo o fim dos tempos e como todas as outras religiões estão erradas, incluindo até mesmo os católicos, que foram classificados como pertencentes às religiões erradas. Segundo ele, todas essas pessoas "pobres" que seguem essas religiões não pertencentes ao cristianismo evangélico sofreriam eternamente no inferno.
E depois me perguntam por que eu não suporto crentes. Este deveria ser um momento de despedida do meu avô, mas o único sentimento que experimentei foi raiva diante das atrocidades proferidas pelo pastor.
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08 de julho de 2023, sábado
PARECE QUE ESTE ANO SÓ ESCREVO QUANDO ALGUÉM MORRE. Dessa vez foi meu avô que perdeu a competição para a Rainha Elizabeth e faleceu aos 95 anos. Eu realmente acreditava que ele chegaria aos 100 anos, dada sua boa saúde, mas era visível que estava desiludido com a vida. Apesar de estar bem, olhos atentos poderiam notar o cansaço da existência. Sentirei saudades dele, embora compreenda que, em algum momento, isso era esperado.
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7 de abril de 2023, sexta-feira
MORREU MAIS UMA PESSOA CONHECIDA. Não sei o que deu neste ano para morrer tanta gente ao meu redor. Estou aqui no velório refletindo. Todos somos futuros cadáveres independentemente do que se acredita. Isso me faz querer escrever uma carta para o meu futuro pós-morte.
Para o meu futuro cadáver: Espero que a sua morte tenha sido o mais rápido e indolor possível. Espero que tenham respeitado o fato de você não ter religião. No momento, não temos muito apego e até agora espero que tenham te cremado para transformar suas cinzas em diamantes. Espero que o velório tenha sido regado a álcool e comida, e que as pessoas tenham saído tropeçando de tanto beber. Espero que seus livros tenham sido doados para alguém que goste tanto deles quanto você gostava. Espero que alguém tenha enviado uma mensagem coletiva pelo WhatsApp, como "obrigado por ter vindo" ou alguma outra piada mórbida e de mau gosto. Espero que as pessoas que te amam tenham encontrado conforto e procurado tratamento psicológico se necessário. Espero que não haja nada após a morte. Mas, se houver, espero que os cristãos estejam errados.
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2 de abril de 2023, domingo
AINDA ESTOU VIVA PARA QUEM PERGUNTA. Saiba que eu não deixaria a situação em aberto numa questão dessas. Já basta as webtoons e novels abandonadas desde 2018 que você não sabe o final.
Ainda estou procurando um terapeuta para chamar de meu, mas tenho melhorado com algum esforço em pequenas situações. Mais precisamente, retomei o entretenimento de conforto e comecei a ler "Sol da Meia-Noite", de Stephenie Meyer, e a assistir pela milésima vez a saga Crepúsculo.
Estou pelo menos 70% melhor? Não sei. Mas as ideações suicidas diminuíram. E isso já é MUITA coisa.
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