o google fotos me lembrou de uma foto tirada há 5 anos... a qual jurava ter apagado. logo que eu vi e abri a notificação, me veio uma sensação de aperto no peito, mais precisamente no lado esquerdo. segurei o choro, pois foi uma lembrança desbloqueada de repente e bastante dolorosa. na foto eu estava do seu lado e sorríamos felizes. uma linda selfie de casal. a gente pode até ter esquecido ou superado alguém, no entanto, basta apenas uma simples foto esquecida reaparecer que tudo desmorona.

— deixaram

fui um adeus antes de partir... eu não estava em mim quando fiz/disse aquilo. me contorço sentindo a dor do arrependimento, mas agora é tarde.

— deixaram

o que mais doeu em mim não foi você ter ido embora, mas sim a forma de como tudo aconteceu.

— deixaram

deixaram-me amargo depois de tantos abraços e sorrisos doces e gentis. nem sempre a bondade é dada por espontaneidade, mas sim, visando o que será cobrado como moeda de troca mais tarde.

— deixaram

sinto sérias saudades de conversar comigo...

— deixaram

quando você se foi, uma parte de mim morreu e a outra te seguiu em sua jornada desconhecida. nunca mais eu fui o mesmo depois desse vazio que assumiu o seu lugar.

— deixaram

não toquei na ferida como me recomendaram, mas o que devo fazer depois? meus machucados não sararam como esperei que aconteceria após repousar... ainda sinto arder e sangrar, ainda sinto aquela saudade que sempre vem à noite para abrir o corte outra vez. a dor por ter de deixar quem tanto amei, e também as dores acumuladas de abandonos e ausências do passado me intoxicaram; talvez seja mais um motivo das feridas persistiram em mim. feridas internas, marcas incuráveis na alma de quem agora está tão só.

— deixaram

estamos tão longe de casa. tão sozinhos, pois um não mora mais no outro. distantes sem nenhuma conexão física ou mental. fora de órbita e do eixo. sentados à beira de um riacho raso onde nada podem procurar, porque lá não existe nada para ser achado. desejosos por profundidade, que é onde existem os mistérios e raríssimos tesouros.

— deixaram

bem lá no fundo sabemos quando é um adeus ou um até logo. às vezes, somos nós que teimamos e não queremos aceitar o imutável: mais alguém que deixou de morar em nosso coração, para sempre.

— deixaram

você foi e tem sido aquele adeus difícil de digerir e colocar no passado. e eu, tenho sido aquele que teima severamente em arquivar de vez tudo aquilo vivido entre a gente. sou um acumulador falido de saudades e falsas esperanças. não tenho aprendido nada com os meus erros; apenas me quebro cada vez mais com cada um deles.

saudades, por muitas vezes, são lembranças dolorosas.

— deixaram

sou uma carta de despedida lida pela metade. ler um adeus escrito na alma é doloroso demais... eu li o quanto pude de mim e não consegui chegar até o final. minhas lágrimas molharam o papel enquanto o coração sangrava em desespero. existem pessoas insuperáveis e não há como fingir que nunca existiram.

— deixaram

eu sempre sou bagunça na vida das pessoas. eu sempre sou o motivo das partidas. eu sempre sou aquele que ninguém dá a mínima. eu sempre sou alguém que não é ninguém.

— deixaram

sou cheio de despedidas. e todos os dias eu sofro por causa de uma, duas ou várias delas.

— deixaram

acredito que a maioria das pessoas têm alguma história triste envolvendo abandonos e ausências para contar. todos nós guardamos relatos de dor que gostaríamos de dividir com alguém algum dia.

— deixaram

para quê forçar um reinício entre nós, se o findar é certo? para quê retornar ao ponto de partida após uma dolorosa despedida?

— deixaram

é por ainda gostar de você que eu precisei fugir e me distanciar. gosto tanto ao ponto de sentir dores horríveis no corpo, na mente e na alma. precisei deixar quem tanto amo. consegue compreender o quanto isso dói? abandonei você para o seu próprio bem, porque tenho sérios riscos de explodir do nada. sou uma armadilha; uma bomba-relógio.

— deixaram

gotas quentes de uma alma congelada. gotas quentes que umedecem um rosto com semblante aflito e abalado. gostas dolorosas que ardem e deixam rubros os olhos. gotas pesadas e difíceis de sair. gotas salgadas de uma alma insossa. gotas de quem foi abandonado. gotas que saem em protesto pela ausência. gotas que foram guardadas até o limite máximo. gotas que agora transbordam.

— deixaram