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Quem me conhece desde sempre sabe que perdi meu pai muito cedo e que meu maior exemplo do que a paternidade deve ser foram minha mãe e meu avô. Sabem também que há 4 anos ele se foi e eu tento, desde então, aprender a viver com a falta que ele faz. Sei que escrevo bastante sobre ele, então peço desculpa se já falei o que escrevo nestas próximas linhas. Em seus últimos dias de vida, já debilitado em um leito hospitalar, numa oportunidade em que nos encontrávamos somente os dois, ouvi dele algo que eu já sabia, mas que tem pesado muito sobre meus ombros nos últimos anos: meu avô me disse que aos 74 anos de idade, sentiu que pôde aproveitar somente os últimos 4. Passou a maior parte da vida trabalhando, quando finalmente aos 70 conseguiu se aposentar. Tentou durante todo esse tempo juntar alguma grana para garantir alguma segurança aos filhos. Mas ali, naquela cama, sabendo que só lhe restavam alguns dias de vida, ele se perguntava de que tudo aquilo havia adiantado. O maior medo do meu avô era morrer. Eu sei disso porque lembro de ouvir minha avó falando em tom de deboche: "teu vô não pode nem pegar uma gripe que já acha que vai morrer". Era raro ficar de cama, mas quando ficava realmente temia que o pior fosse acontecer. Meu avô foi o "vô" mais ativo que já conheci, lavava a casa do chão ao teto e atravessava a cidade de bicicleta​ conversando com todo mundo que encontrasse no caminho. Ele tinha sede de vida. Eu sei disso pq sinto essa vontade correr pelas minhas veias também. Naquele dia ele me fez prometer que eu não passasse meus dias cometendo o mesmo erro que ele cometeu. Não acredito que irá ser fácil, mas espero não decepcioná-lo. Nesse dia dos pais só desejo que meu avô, onde quer que esteja, possa estar aproveitando de alguma forma o tempo que ele não pôde aproveitar em vida, e desejo que todos nós que ainda estamos aqui não percamos a vida tentando ganhá-la.
13/08/17
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A palavra "lar" pode ter vários significados. Pode significar "lugar onde tua cama está", "onde o sinal da wi-fi conecta automaticamente", ou simplesmente "casa". Pra mim, lar sempre foi e sempre será onde a minha família mora. Saí do meu lar há 8 anos pra morar a 600 km de distância de lá e tentar construir a minha vida, e apesar de ser muito feliz aqui, durante todo esse tempo não teve um domingo que eu não tenha sentido saudade. O meu domingo durante quase 18 anos resumiu-se a juntar todo mundo na volta da churrasqueira do meu avô e almoçar com ele. Depois do almoço, todo mundo sentava à sombra da árvore de jambolão e ficava jogando conversa fora. Minhas melhores lembranças da infância são de tardes embaixo daquela árvore tomando sorvete, brincando com uma caixa de papelão com os meus primos e correndo na volta do vô na vã tentativa de torrar a paciência infinita dele. Há 5 anos, 8 meses e 12 dias o universo julgou que estava na hora e o Seu Atílio teve de partir. Apesar do nosso esforço, todos sabemos que nossos domingos nunca mais foram os mesmos. O meu avô parecia ser o elo que mantinha a todos unidos. É como se ele fosse a peça do tabuleiro que fazia o jogo ter sentido e sem ele nada funcionasse. Desde então eu tenho tentado conviver com o buraco que a sua ausência física causou, e mesmo após todo esse tempo, em determinados momentos ainda me pego pensando em ligar pra ele. Ontem eu estava numa fila do super, na minha frente havia um senhor de uns 70-80 anos, e na frente dele um casal com uma menina de uns 6 anos. A menina estava claramente de saco cheio com aquela fila enorme, e o senhorzinho notando a impaciência dela resolveu puxar conversa. Meia dúzia de palavras depois e a cara emburrada da guria foi preenchida por um sorriso. Eu vi claramente meu avô naquela cena e me virei de costas rapidinho pra não chorar ali no meio do supermercado mesmo. O meu avô foi a minha base, foi quem moldou meu caráter, foi quem me deu segurança nas horas que eu tive medo (seja o simples medo de cair da bicicleta com 5 anos de idade, seja o medo de estar fazendo a coisa certa saindo de casa com 17). Meu avô trabalhou na roça, não teve estudo, não fez nenhuma faculdade... mas tudo que eu sei sobre a vida foi ele e minha mãe quem me ensinaram. Eu sei que ele está comigo todos os dias, seja na minha teimosia sem fim, seja quando eu penso em desistir e lembro dele falando "minha neta vai ser dentista!", seja quando eu me olho no espelho e falo "bah, tô gorda..." e lembro que ele diria "tá bonita, filha!" ou ainda quando penso em cortar o cabelo e lembro dele franzindo a testa dizendo: "não vai cortar demais!". Eu tenho a plena ciência de que ele partiu tendo me ensinado tudo que eu precisava e de que aproveitei tudo que podia ao lado dele. Mas, eu sou um ser humano. Seres humanos tem a péssima mania de nunca estarem satisfeitos com o que tem e sempre querendo mais. Meu avô era um cara foda e querido por todos, como que eu não iria querer ter ele por perto? Como que eu não iria gostar de ver ele orgulhoso no dia em que eu subir no palco do Guarani pra pegar meu diploma? Acho que vocês entendem... Aos meus amigos cujos avós ainda são vivos: valorizem esses velhinhos. Aos meus amigos que tem filhos: ensinem-os as valorizar esses velhinhos. E, finalmente, aos meus amigos que assim como eu já perderam seus velhinhos: agarrem-se às memórias, as fotografias, as histórias que vocês escreveram juntos. As lembranças serão sempre nossa maior riqueza, e a saudade que sentimos é a maior prova de que o que vivemos foi bom demais.
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É fácil votar no Bolsonaro quando se é branco, heterossexual e quando se tem dinheiro suficiente na conta pra estudar em uma universidade privada. Vocês são privilegiados. Eu - tirando a parte do dinheiro pra estudar no ensino privado - sou privilegiada também. Mas, meus amigos,preparem-se para o choque: vivemos em sociedade! E se o teu voto é pra alguém que fala que mulher tem que receber menos pelo simples fato de ter um útero e poder engravidar, que ter uma filha mulher foi quando ele deu uma "fraquejada", que é racista e homofóbico ao ponto de dizer que "preferia que o filho morresse num acidente a aparecer com um barbudo por aí", me desculpem, mas não posso pensar outra coisa que não seja: "exercer a cidadania: você está fazendo isso errado." Eu tentei argumentar isso com uns eleitores do Jair Bolsonaro e algumas das respostas foram: "ELEITOR DO PT SÓ QUER MAMAR NAS TETAS DO GOVERNO MESMO" "BOLSA FAMÍLIA QUEBROU O PAÍS" "EU QUERO É VER MUDANÇA" "BOLSOMITO" (de todos, esse é o argumento que me deixa mais impactada).
MANO. Vamo lá. Tô de férias, tô com tempo, juntei uns dados aqui pra vocês... Sobre o Bolsa Família: Vocês sabem qual o percentual do PIB usado com a finalidade de subsidiar o bolsa família? Em 2013 girava em torno de 0,4-0,6%. Mas, desse valor, cada R$1 gasto com o programa movimentava mais de R$2 no consumo da família beneficiada e adicionava R$1,78 no PIB. Em 2017, o custo ANUAL do bolsa família girava em torno de R$29 bilhões. No mesmo ano, no MÊS de junho, a União desembolsou $29,5 bilhões pra pagar salário e outros benefícios de servidores públicos (ativos e inativos). Conseguiram notar a diferença? UM MÊS de salário e mordomia pra funcionário público cobre o gasto ANUAL de um PROGRAMA SOCIAL que beneficia 12,7 milhões de FAMÍLIAS. Só o "auxílio-moradia", o benefício pago aos magistrados já custou R$ 834,5 milhões aos cofres públicos em 2018 (até o mês de agosto, até o final do ano deve passar de 1 bilhão). O Brasil tem mais de 2 milhões de funcionários públicos (ativos, inativos e pensionistas) que custam, ao ano, mais de R$250 BILHÕES aos cofres públicos. É literalmente 1% da população abocanhando 20% do orçamento da União. Então, não venham me dizer que o bolsa família quebrou o país pq, vide dados acima, vimos que não é bem assim...
Sobre querer ver mudança: também quero. Mas acredito que ela não vai vir através de um cara que tá há quase 3 DÉCADAS no Senado e é mais notável pelos barracos que fez do que pela atuação parlamentar (que resumiu-se a apresentar dois projetos e meter toda filharada no poder público também).
Sobre BOLSOMITO: "Mito: do grego mythos, substantivo masculino. Uma pessoa ou um fato cuja existência, presente na imaginação das pessoas, não pode ser comprovada; ficção. Discurso propositalmente poético ou narrativo, cujo objetivo é transmitir uma doutrina, por meio de uma representação simbólica." ...
Enfim, eu não tenho partido, não tenho político de estimação, gostaria que todos corruptos fossem devidamente punidos e o dinheiro devidamente devolvido aos cofres públicos (mas a gente sabe que isso não vai acontecer, né nom). O Haddad não era minha primeira escolha, mas acho que o anti partidarismo não pode ser motivo pra eu cometer o erro de votar no Bolsonaro. Como eu já mencionei aqui e pessoalmente pra alguns, eu respeito a opinião de todos, mas as minhas divergências com ele vão muito além do âmbito político...nossas divergências incluem o âmbito social e humano, pois não posso compactuar com alguém cujas ideias acabam com os princípios básicos de convivência em sociedade. Então, assim como eu respeito a opinião dos eleitores do Amoedo, do Alckmin, do Haddad, da Marina, do Bolsonaro, enfim...peço para que respeitem a minha opinião também. Grande parte do que eu penso está expresso nesse texto, portanto, não vou ficar discutindo nos comentários (escrever textão cansa e essas eleições tão me esgotando, real oficial). Independentemente de qualquer resultado, lembrem-se de que somos uma SOCIEDADE. Vivemos em conjunto. Eleição não é jogo de futebol, gente... aqui não tem time vencedor e todo mundo perde junto. Boa sorte a todos nós.
Por último e não menos importante: #elenão #eusim passa seu whats pra mim ❤️ hehehe, brincs.
Mas ele não. Ele nunca.
08/10/18
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Abri um doc do Word pra digitar o conteúdo da última prova do ano da (Word online, pq meu pacote do Office venceu e eu ainda não dei jeito), mas só consegui pensar no que foi o meu 2018. Tão certo quanto o “eu avisei” pros eleitores do Bolsonaro é a nostalgia que bate em mim nessa época do ano. Já pararam pra pensar quanta gente sai da tua vida em 1 ano? Quanta gente entra? Na vida de quem tu fazdiferença, quem faz diferença na tua? Tu fez tudo que queria fazer? Tu tá onde queria estar? Pois é... Eu não sou muito de planejar a vida a longo prazo, mas, sofro de ansiedade, e confesso que às vezes se eu pudesse prever o dia de amanhã a vida seria mais fácil (ou pelo menos demandaria menos Rivotril). Por outro lado, que graça teria saber tudo que vai nos acontecer, né? Esse ano sem sombra de dúvidas foi o mais revolucionário de “todos” os meus 26. Foi o ano em que eu mais chorei, mais ri, mais amadureci, eu acho. Eu conheci mais a mim mesma, e melhor do que isso, finalmente aprendi a gostar da minha própria companhia. COMECEI a entender que eu tenho minhas limitações e que tá tudo bem, mesmo que nem todo mundo entenda isso. Aprendi que saúde mental é importante pra caralho e que priorizar isso não é egoísmo. Pra mim, fica o aprendizado de que a gente não precisa esperar o ano findar pra começar um novo ciclo, eu iniciei vários novos ciclos e me desvencilhei de vários antigos também... mas, se tu esperou, não tem problema. Como diria Drummond, depois de 12 meses quando todo ser humano se cansa e entrega os pontos entra o milagre da renovação e começa tudo outra vez. E como diria outro poeta: antes tarde do que mais tarde. Sobre 2018? Gratidão (eu costumava odiar essa palavra mas passei a dar valor) pelos erros que eu cometi, pelos acertos também, pelas pessoas maravilhosas que entraram na minha vida, pelas pessoas que saíram ou não quiseram ficar... por tudo. Sobre 2019? Menos selfies no meu feed do insta e mais fotos de viagem e momentos simples ao lado das pessoas que eu tenho sorte de ter por perto. Não deixar que minha ansiedade, minha autoestima ou qualquer pessoa me deixem pensar que eu não sou uma pessoa foda pq eu sou sim. Valorizar mais meu tempo e usar ele com o que e quem realmente importa. Sair da zona de conforto do conhecido e ler mais livros que nunca li e ver mais filmes que nunca vi. Prestar mais atenção no céu pra colecionar, ainda que só na memória, mais finais de tarde como esse da foto. E por último e não menos importante: baixar o pacote do Office, pq tá foda.
17/12/18
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Eu tô exausta. Acho que há tempos não me sentia assim cansada. O sexto semestre não é o pior da faculdade, alguns irão me dizer. Mas, cada um sabe quanto algo pode ser difícil pra si. Pra mim, esse foi um dos semestres mais difíceis e isso não tem nada a ver com as disciplinas que eu tô cursando. Essa semana eu tive clínica, tive prova todos os dias, tive que fazer um aparelho ortodôntico na velocidade da luz pra conseguir entregar no prazo e não perder nota, tive que cuidar da casa, cuidar da Frida... cuidar de mim. Eu cheguei em casa agora, queria deitar, ver Netflix e dormir. Não dá, pq tem prova amanhã e eu preciso estudar. Tô com uma dor de cabeça infernal que eu não consigo identificar se é sinusite, enxaqueca ou dor na ATM. Só sei que tá doendo tudo. Tem dias que cansa, tem dias que é chato acordar e ir pra faculdade, tem dias que a gente chora, se desespera, tem vontade de sair correndo e largar tudo... Mas tem dias que mesmo cansado a gente vai lá e faz o nosso melhor. Essa semana eu terminei de atender o meu paciente (que a propósito é um senhorzinho muito simpático e nunca falta a nenhuma consulta, faça chuva ou faça sol) e avisei ele que nós só teríamos mais duas consultas, já que o semestre tá acabando. Não vou conseguir concluir tudo que ficou previsto no plano de tratamento dele, mas expliquei que no semestre que vem eu posso atender ele de novo em outra clínica. Quando eu terminei de falar ele me perguntou com um tom de preocupação se seria eu quem iria continuar o tratamento. Eu disse que sim, a não ser que fosse da vontade dele ser atendido por outro aluno. Ele pegou na minha mão e disse "Não, eu quero continuar com você! Tô gostando muito do seu atendimento, tá tudo excelente." Eu tenho pouquíssima fé em mim mesma, e várias vezes me questiono se tenho mesmo capacidade de ser uma boa profissional. O seu Carlos não sabe, mas ele salvou minha semana de provas finais, pq todas as vezes que eu tive vontade de desistir eu lembrei do que ele falou. Então, acho que o que eu quero dizer é que ao final do dia, apesar de tudo, vale a pena.
Carla - 12.08.18.
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